Cavalos Selvagens Ainda Existem? Tem No Brasil?

Estamos tão acostumados com certos tipos de animais domesticados, que nem paramos pra pensar que, um dia, eles foram selvagens. É o caso dos cavalos, por exemplo, que hoje em dia são criados em estábulos e fazendas para diversas finalidades, mas que houve uma época em que cavalos selvagens corriam livremente por aí.

No entanto, será que ainda existe esse tipo de cavalo por aí? E aqui no Brasil, será que temos alguma espécie de cavalo selvagem? Vamos descobrir a seguir.

Cavalos Selvagens Ainda Existem?

Categoricamente, a resposta é não. Segundo estudo publicado no ano passado, todos os cavalos realmente selvagens estão verdadeiramente extintos. Esse estudo foi publicado na revista Science, com base em uma análise genética, constatou que a única espécie que se considerava selvagem (uma espécie localizada na Mongólia) é, na verdade, formada por exemplares que, um dia, escaparam de seus donos.

Essa espécie, que se chama Przewalski (Equus przewalski), teve o seu genoma comparado com outros tipos de cavalos, e o que se constatou é que eles são descendentes dos botai, uma espécie domesticada há mais de 5 mil anos atrás, numa região que hoje compreende o norte do Cazaquistão.

Fora isso, entre as descobertas dos cientistas com relação a isso, constatou-se que a origem dos cavalos domesticados modernos, por enquanto, é desconhecida. A teoria anterior é de que eles eram descendentes justamente dos botai, mas como provou as recentes pesquisas, estes possuem uma árvore genealógica bem diferente. Em suma, os cavalos botai são os ancestrais dos Przewalski, mas não dos adestrados de hoje em dia.

Um Pouco Sobre Os Cavalos De Przewalski

Essa espécie de cavalo, ao contrário do que se possa imaginar, não está solta na natureza, e sim, em zoológicos e em reservas devidamente controladas. Ele descoberto por volta do ano de 1870 pelo explorador russo Nikolai Przewalski (cujo sobrenome batizou o nome da espécie). Bom salientar que os cavalos selvagens habitaram a Terra por milhares de anos, e eram animais bastante comuns em vários continentes.

Esse tipo de equino nunca sofreu domesticação por parte do homem, ao contrário das outras raças, que passaram a ser domadas por nós a cerca de 5 mil anos atrás. Por sinal, o Przewalski, se comparado ao cavalo comum, que todos conhecemos, possui um porte mais baixo, medindo entre 1,22 m e 1,47 m de altura.

Destaque-se também que em meados do século XX, esse exemplo raríssimo de equino quase foi totalmente extinto, em grande parte, por culpa dos caçadores que faziam uso de sua carne. Porém, entidades ambientalistas da Europa conseguiram salvar a espécie.

Foi então que um acordo foi firmado entre essas entidades (com liderança do World Wildlife Fund) e o Parque Nacional de Cévennes, localizado no sul da França. Daí surgiu o projeto Takh, que é uma palavra do dialeto mongol, que quer dizer simplesmente “cavalo selvagem”. Graças a isso, vários exemplares do Przewalski foram levados a esse parque, sendo mantidos em uma área de 300 hectares, sem contato humano.

Ou Seja, Aqui No Brasil, Não Existem Cavalos Selvagens?

Como bem atesta a recente pesquisa publicada na Science, hoje em dia, não existem cavalos puramente selvagens, mas, aqui no Brasil existe uma espécie que, mesmo descendendo de espécies domésticas que fugiram dos colonizadores no século XVIII, vive atualmente na natureza: os chamados cavalos lavradeiros.

Esses espécimes estão localizados no nordeste de Roraima, em um ecossistema de savanas mais conhecido como Lavrado (daí o nome popular desses animais). Vivem em bandos (geralmente 1 macho e 8 fêmeas) nos municípios de Amajari, Uiramutã, Normandia e Pacaraima. O meio ambiente em que se encontram, inclusive, está ameaçado pelo avanço constante do agronegócio.

Com o passar do tempo, esses cavalos formaram grupos, ao mesmo tempo, ficando isolados de qualquer contato com as pessoas. Devido à seleção natural, os mais aptos sobreviveram, formando cavalos selvagens bem peculiares. De porte elegante e pequeno, esse animal possui cerca de 1,40 m de altura, sendo bastante resistentes e velozes, podendo correr 60 km/h durante 30 minutos facilmente.

Outra característica marcante desse animal é que ele é bem resistente ao ataque de parasitas, sendo também muito tolerantes a doenças, como a anemia infecciosa. Isso se deve à herança genética que esses cavalos conseguiram ao longo de mais de 200 anos. Quando ocorrem períodos de seca nas regiões onde vivem, esses cavalos selvagens podem percorrer distâncias imensas em busca de água.

Preservação Dos Cavalos Lavradeiros

Como dá pra perceber, os cavalos lavradeiros vivem em terras de difícil acesso, e muito pouco habitadas. Isso favorece com que mantenham suas características genéticas intactas, visto que pouco ou nada de contato eles têm com humanos. No entanto, os poucos exemplares que ainda restam na natureza estão bastante ameaçados devido a diversos fatores (queimadas, desmatamento…).

A estimativa é que atualmente existam cerca de 200 exemplares de cavalos lavradeiros puros soltos na natureza, sem cruzamento algum com cavalos domésticos. Até o momento, a Embrapa mantém um programa de conservação dessa espécie, monitorando alguns espécimes e verificando se ainda conservam as suas características selvagens.

Apesar de alguns esforços, pouco tem sido feito para a real preservação desse cavalo selvagem, mesmo que seja considerado símbolo do estado de Roraima, estampando camisas e servindo de modelo para artesanatos locais. Contribui para o problema o fato da região do Lavvrado não ter um centro de conservação integral que possa ajudar na preservação do local.

E, Afinal, De Onde Vêm Os Cavalos?

Para falar sobre a origem dos cavalos, é precisão voltar no tempo cerca de 55 milhões de anos atrás, quando surgiu o eohippus, o “tataravô” dos cavalos modernos. De tamanho pequeno (media entre 20 cm e 40 cm de altura), esse mamífero herbívoro vivei na época do Eoceno, e devido ao seu tamanho, sua aparência se assemelhava a um cão.

Contudo, com o passar do tempo, ele foi evoluindo e aumentando de estatura, trocando os dedos que tinha nas extremidades anteriores (eram 4) por um dedo só. Este, por sinal, foi evoluindo até virar o casco que conhecemos hoje. Tal evolução foi importante para o animal, pois assim ele tinha como fugir mais rápido dos predadores.

Com o tempo, devido às más condições climáticas, esse animal migrou da América do Norte para a Eurásia. E é aqui que se encontra o cavalo selvagem que os cientistas conhecem como o ancestral do cavalo doméstico. Já os animais como os conhecemos hoje podem ser situados no período do Pleistoceno, há 2 milhões de anos atrás, mais ou menos.