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Tudo Sobre a Enguia: Características, Nome Científico e Fotos

Na Bacia Amazônica, em especial nos rios Madeira, Amazonas e Orinoco, existe uma espécie conhecida popularmente como “enguia-elétrica”, que é um daqueles animais que há séculos fazem parte do imaginário popular como uma das espécies mais exóticas da não menos exótica fauna da América do Sul.

O seu nome é “Poraquê” ou “Electrophorus eletricus”; um actinopterígio capaz de atingir entre 1,5 e 2,1 metros de comprimento, entre 15 e 22 kg de peso; e capaz também de gerar uma energia entre 400 e 600 volts que, a depender da sua amperagem, pode acender uma lâmpada elétrica com até 100 watts de potência.

Na verdade a maneira mais correta de nos referirmos ao poraquê seria tratando-o como um peixe-elétrico; uma espécie que, de acordo com a ciência, teria o seu nome ligado às tradições tupis (“O que faz dormir”), mas também a outras que o identificam como o pixundu, muçum-de-orelha, pixundé, entre outras denominações não menos curiosas.

E tudo o que se sabe sobre as características dessas enguias é que o seu potencial de energia elétrica está ligado à constituição das suas dermes, compostas por células musculares (eletrócitos) suficientes para a formação de mioeletroplacas com células nervosas concentradas especialmente nas caudas desses animais.

Mas o que se diz, também, é que esse potencial elétrico de um grupo de poraquês é capaz de matar animais de médio e grande porte, como lontras, onças-pintadas, porcos-do-mato; e até mesmo cavalos, cervídeos, caprinos, entre outros mamíferos que quase nenhuma resistência podem opor a uma descarga elétrica em conjunto.

Tudo Sobre as Principais Características, Nome Científico e Outras Peculiaridades das Enguias

Acredita-se que essas mioeletroplacas de que se compõe um Electrophorus eletricus podem totalizar entre 3.000 e 11.000 unidades, estrategicamente posicionadas sobre a derme desse animal e prontas para serem ativadas sempre que ele se veja em apuros ou necessite de energia suficiente para a captura de alimentos.

O exemplar de um poraquê possui um corpo cilíndrico, com uma coloração entre o castanho-escuro e o negro, com algumas manchas meio amareladas em seu dorso, e ainda com uma nadadeira curiosamente instalada em uma das suas extremidades; o que lhe garante uma desenvoltura incomparável no ambiente aquático.

O curioso é que essas enguias não são animais 100% aquáticos; eles precisam também de algumas idas à superfície (a cada 10 minutos) para que um novo suprimento de oxigênio seja reservado para as suas longas investidas em ambiente subaquático.

Enguia Características

Curioso também é saber que essas enguias não são exatamente enguias, e sim espécies de peixes com um parentesco relativamente próximo com outras espécies bastante conhecidas, como os bagres, o barbo-gigante, as carpas, entre outras variedades que poderíamos considerar como improváveis parentes dessas enguias.

E ainda sobre o seu potencial elétrico, ao que parece, o choque provocado por um poraquê é o resultado do contato com os seus dois pólos, o positivo (na parte anterior) e o negativo (na posterior); o que geralmente “presenteia” o invasor (ou a presa) com uma belíssima descarga de até 600 volts, mas que pode chegar a até 1.500, a depender das características da enguia ou do seu oponente.

Mas, apesar de tamanha singularidade, são poucos os relatos de acidentes envolvendo essas espécies de “enguias” típicas da região amazônica, e muito menos casos de morte como o resultado de um contato direto com esse animal.

O que nos leva a supor que essa sua habilidade seja apenas uma das ferramentas com as quais a natureza presenteia as espécies para fins de sobrevivência dos indivíduos e preservação dessas comunidades.

E, nesse caso, uma ferramenta singularíssima! Já que é capaz de mexer com o imaginário popular como poucas manifestações naturais da fauna do planeta

A Anguilla Anguilla

Mas não é somente o poraquê (o Electrophorus eletricus) a única espécie que convencionou-se chamar de “enguias-elétricas” devido aos seus aspectos físicos e biológicos.

Como podemos observar nessas fotos, a Anguilla anguilla – também conhecida como “Enguia-comum” ou “Enguia-europeia” – é outra dessas espécies de peixes cilíndricos que têm na descarga elétrica a sua grande arma secreta.

Essa variedade possui como habitat natural o Mar dos Sargaços; um trecho no centro do Oceano Atlântico, caracterizado por densas correntes marítimas e por abrigar espécies originalíssimas como essas “Enguias-europeias”; animais curiosamente afeitos ao ambiente de água salgada, capazes de desenvolverem-se em ambiente fluvial e reproduzirem-se em alto mar.

Electrophorus Eletricus

A Anguilla anguilla também pode ser encontrada nessa região do Atlântico como enguia-de-vidro, brasino, angulha, enguia-prateada, angula, meixão, entre outras denominações não menos inusitadas de uma espécie que já habitava os oceanos do planeta há pelo menos 10 milhões de anos!

E tudo o mais que se sabe sobre as origens dessas enguias, é que a variedade mais antiga (Anguilla ancestralis) teria sido encontrada no sul da França e no atual Oriente Médio; e se sabe, também, que ela teria dado origem a diversas outas subespécies atualmente encontradas nessa região do Mar dos Sargaços e da bacia Indo-Pacífica.

Com características curiosíssimas, como o fato de procriarem no ambiente salgado do Oceano Atlântico e passarem todo o restante das suas vidas em água doce, como uma das características mais extravagantes de uma comunidade de animais que já é a própria expressão da extravagância que pode ser encontrada na fauna do planeta.

Uma Espécie Cheia de Peculiaridades!

Ainda sobre as origens da Anguilla anguilla, sabe-se que a ancestralis também teria dado origem a diversas espécies hoje habitantes da costa da América do Norte.

E a Anguilla rostrata foi uma delas. Uma extravagância! Também conhecida como Enguia-americana; um animal com um corpo cilíndrico, crânio pontudo, uma coloração acastanhada no dorso e amarelo-fosco no ventre, e ainda com dentes singularmente pontiagudos que lhe conferem uma aspecto ainda mais inusitado.

O que chama bastante a atenção nessa espécie são os seus aspectos físicos, em especial esse seu corpo cilíndrico, que vai afinando em direção à cauda, como se até fora uma “serpente-marinha” com um crânio amplo, narinas tubulares, olhos diminutos, barbatanas ventrais (e também anais e dorsais), entre outras características em comum com outras espécies.

E além das características do seu nome científico e de outras singularidades que infelizmente não podemos observar por meio dessas fotos, cabe também chamarmos a atenção aqui para outras especificidades dos seus aspectos físicos.

Como, por exemplo, o fato de elas possuírem um maxilar inferior bem mais alongado do que o superior, além de uma barbatana dorsal que liga-se à anal e lhe garante uma total desenvoltura no ambiente subaquático.

Isso sem contar a sua coloração, em que se destaca um dorso castanho-esverdeado e um abdômen amarelo-ouro; uma estrutura originalíssima, e que vai adquirindo uma tonalidade mais escura com o avançar da idade dessas enguias.

Uma Anguilla anguilla dificilmente ultrapassa um comprimento de cerca de 1,5 metros e um peso entre 8 e 11 kg.

E assim como a maioria das espécies dessa comunidade, elas costumam ser bastante apreciadas como iguarias; saboreadas em várias partes do mundo (em especial na Ásia) por serem um dos frutos do mar mais energéticos dentre todos os que se conhece atualmente na natureza.

Características, Ecologia e Reprodução das Enguias

Tudo o que sabemos sobre as principais características dessas enguias, é que elas costumam ser apontadas como um dos principais símbolos da exoticidade que pode ser encontrada nas profundezas dos mares e rios de alguns dos mais singulares recantos do planeta.

O animal é considerado um ser à parte nesse universo da fauna aquática! E no caso específico das Anguillas anguillas, sabemos que elas são animais tipicamente noturnos, que preferem passar o período da manhã e da tarde confortavelmente protegidos embaixo do substrato aquático.

Mas também é possível encontrá-las comodamente escondidas em meio às raízes subaquáticas, bases de rochas, entre destroços de embarcações, e onde quer que elas possam proteger-se do assédio dos seus principais predadores, entre os quais, os polvos, lontras, ariranhas, golfinhos, tubarões, entre outras espécies que são o terror desses animais.

Mas esses esconderijos também servem para deixá-las em posição de vantagem em relação às suas presas favoritas.

E essas suas presas favoritas são espécies de moluscos, crustáceos, vermes, peixes, larvas, restos vegetais, entre outras variedades que essas enguias devoram aos montes durante praticamente todo o tempo que se mantêm ativas.

Aliás, tudo o que se sabe sobre esses períodos de atividade das enguias, é que elas, de um modo geral, preferem mesmo é o crepúsculo, como uma típica espécie crepuscular, que ajuda a compor, como poucas, a fauna exótica desses cada vez mais surpreendentes biomas do Oceano Atlântico e da Bacia Amazônica – os dois principais portos seguros das enguias-elétricas.

A Reprodução das Enguias

Com relação às características reprodutivas dessas enguias – tratando especificamente do poraquê da Amazônia – , o que se sabe é que todos os anos a estação seca torna-se um momento de festa para a reprodução desse animal no bioma amazônico.

E são os machos os responsáveis por construir os ninhos com as suas próprias salivas; ninhos altamente resistentes e capazes de abrigar entre 15.000 e 18.000 ovos, para que sejam chocados não mais do que 10% desse total, a depender das condições do ambiente e da presença de alguns dos seus principais predadores.

À parte as características físicas dessa espécie, do seu nome científico e de tudo o mais que infelizmente não podemos observar por meio dessas fotos, com relação ao desenvolvimento dessas enguias, o que sabemos é que a partir de um tamanho entre 13 e 15 mm elas já começam a se orientar corretamente em ambiente aquático.

Elas já até apresentam um modesto desenvolvimento dessas suas células nervosas, que se constituirão na forma de mioeletroplacas; uma estrutura que, a partir de 40mm de comprimento desses animais, tornar-se-á capaz de emitir pequenos choques elétricos como um “cartão de visita” para fins de sobrevivência nesse desafiador ambiente da natureza selvagem.

E tudo o mais que se sabe sobre a reprodução das enguias é que pouco se sabe sobre a sua expectativa de vida após o nascimento.

A experiência com esses animais em cativeiro indica que eles costumam viver até os 12 ou 15 anos (machos), e entre os 13 e 18 anos (fêmeas).

Mas desde que, obviamente, sejam atendidas algumas das suas principais necessidades, principalmente com relação às características do ambiente em que estejam inseridas.

Comportamento

Apesar da sua aparência, digamos, assustadora, os poraquês, ou “Electrophorus eletricus”, não são animais agressivos.

O seu potencial de agressividade realmente se resume à sua contundente descarga elétrica, que é capaz de imobilizar uma presa e afastar um possível predador para bem longe do seu caminho.

Outra coisa interessante a saber sobre esses animais, é o fato de eles também utilizarem-se dessa curiosa descarga elétrica para fins de localização.

Isso mesmo! Em meio a um ambiente naturalmente escuro, denso e muitas vezes semelhante a um imenso lodaçal, essas enguias acabam por fazer dessa sua ferramenta um importante instrumento de orientação.

Os poraquês ou “Enguias-elétricas”, por exemplo, são típicos habitantes da Bacia Amazônica. Os rios Orinoco, Amazonas, Madeira e Guayas parecem ser os ambientes preferidos desse animal – que chama bastante a atenção pelo seu apreço pelas regiões mais profundas dos rios.

Mas o problema é que essa costuma ser uma região bem mais escura, como um denso lodaçal com baixíssimos níveis de oxigênio. Porém, curiosamente, ao que tudo indica, é um verdadeiro “paraíso” para essa espécie, que só precisa mesmo de algumas investidas na superfície para absorver a maior parte do oxigênio que necessita para sobreviver adequadamente.

Comunicação e Alimentação das Enguias

Já com relação às formas de comunicação das enguias, os cientistas descobriram que elas também utilizam uma curiosa técnica que tem como base a produção de substâncias químicas para esse fim.

A ferramenta foi observada pela primeira vez em espécies criadas em cativeiro e estimuladas artificialmente a se reproduzirem.

Mas descobriu-se, também, que essa comunicação pode servir como uma eficiente ferramenta para a identificação de uma boa presa, a partir da emissão de pulsos elétricos bastante discretos, mas o suficiente para revelar-lhes tudo o que há ao seu redor.

Mas a coisa não fica só nisso! Esses pequenos pulsos logo se transformam em uma energia bem mais intensa assim que a vítima é encontrada (já que é ela que se encarregará de imobilizar a presa após deixá-la cambaleante, obviamente), para ser deliciosamente degustada com a ajuda de um vigoroso poder de sucção capaz de dar cabo de uma presa em questão de minutos.

E toda essa movimentação ocorre em água doce (o habitat natural dessas enguias), onde elas também executam os seus respectivos processos reprodutivos, que geralmente começam entre os 7 e 11 anos (machos), e entre os 8 e 12 anos (fêmeas), e se estendem pela maior parte da existência desses animais.

E o curioso é saber que, durante essa fase, a busca por alimentação diminui sensivelmente entre elas. E tudo o mais que se sabe sobre isso; sobre essa dieta das enguias; à parte as curiosidades e características do seu nome científico, é que, como podemos observar nessas fotos, elas acabam também executando, graças a isso, um importante papel ecológico nesse formidável bioma da Bacia Amazônica.

Tudo Sobre a Conservação das Enguias

Já com relação à conservação dessa espécie, o que podemos dizer é que, no caso da Anguilla anguilla (a Enguia-europeia), o animal hoje encontra-se na delicada posição de “espécie ameaçada”, muito por causa da caça ilegal de animais silvestres e do aumento no número de açudes e de barragens que dificultam a sua migração em direção ao mar para fins de reprodução.

Obviamente que, na sua condição de um peixe saborosíssimo, essas “enguias elétricas” não poderiam escapar do assédio dos seus principais predadores: os homens.

Por isso, todos os anos milhares de exemplares são capturados em ambiente selvagem, principalmente durante as suas investidas em direção ao mar; o que configura-se como uma das principais ameaças à sobrevivência das Anguillas anguillas para a apreciação das gerações futuras.

Portanto, as principais ameaças à sobrevivência dessa espécie são os obstáculos à sua adequada reprodução, poluição fluvial e marítima, poluição industrial, caça ilegal de animais silvestres e a sensível diminuição das suas principais presas.

E dentre as principais medidas capazes de fazer frente a essa cada vez mais evidente ameaça à sobrevivência desses animais, destacam-se o controle dos níveis de poluição dos rios, criação de um período de defeso para essas enguias e uma melhor gestão da pesca em toda a região.

E mais: conscientização da população nativa sobre a importância de respeitar esse período de defeso (além de dar informações corretas e precisas sobre a quantidade pescada) e a intensificação da fiscalização do tráfico desses animais em todo o planeta.

Sem contar a necessidade de se introduzir novas espécies em ambiente de água doce, entre outras medidas que podem representar a preservação de uma das espécies mais exóticas e incomuns dos ecossistemas aquáticos da biosfera terrestre.

O Curioso Choque das Enguias

O choque provocado pelas enguias é uma das ferramentas naturais mais inusitadas dentre todas as que se conhece em ambiente selvagem.

Sim, elas dão choque mesmo! Como se até fora um fio desencapado! E, para muitos, isso deveria ser algo totalmente improvável para um ser que habita quase que exclusivamente o ambiente aquático do planeta; porém a ciência explica suficientemente bem todo o funcionamento dessa estranha ferramenta à disposição das enguias.

Antes de mais nada, ela explica como essa capacidade foi, para elas, um excelente trunfo diante dessa famigerada “seleção natural”, que permite a sobrevivência apenas dos mais adaptados (ou melhor adaptados).

Potencial das Enguias

Como já explicamos nesse artigo, a capacidade das enguias de emitir um choque que pode facilmente chegar aos 600 volts (e até 1.500 em situações excepcionais) contribuiu para a sua sobrevivência na medida em que tornou-se um eficientíssimo repelente dos seus principais predadores e uma ferramenta não menos eficiente para a caça das suas principais refeições.

Como uma técnica em que esse choque é utilizado de forma ainda mais eficiente, as enguias podem optar por enrolarem-se em torno das suas vítimas, a fim de tornar essa corrente elétrica até duas vezes mais potente, como uma das características mais inusitadas dentre as que podem ser observadas nesse animal.

E que os seus predadores não pensem que poderão se ver livre desse potencial elétrico das enguias quando estiverem fora d’água. Não mesmo!

Pois hoje já se sabe, também, que, mesmo em ambiente externo, uma descarga suficiente para acender uma lâmpada pode ser liberada sobre o infeliz; o suficiente também para torná-lo uma presa fácil, dócil e bastante saborosa para essas enguias.

Uma Ferramenta Incomparável!

E tudo o que dissemos até aqui sobre esse potencial elétrico das enguias ainda é pouco para expressar, com exatidão, o que esse fenômeno possui de curiosidades e de fatos interessantes.

Em um deles, consta que a primeira vez que se teve notícia desse potencial das enguias foi a partir dos estudos do geógrafo, naturalista e explorador alemão Alexander von Humboldt.

Este, no início do séc. XIX, teria supostamente presenciado um ataque dessas enguias, em ambiente terrestre, a um grupo de cavalos, aos quais teriam presenteado com algumas belas descargas elétricas na região das patas.

Mas a história foi eternizada como lenda. Nenhum crédito foi dado a essa tentativa bizarra de exaltar o poderio desses animais mesmo em ambiente terrestre. Por isso, segundo consta, inconformado com a desfeita, o cientista tratou de ele mesmo investigar o fenômeno por conta própria.

E o que ele teria descoberto foi algo fantástico! Por meio da medição dessa intensidade elétrica em placas de cobre (ou de prata), Humboldt descobriu que aquelas pequenas enguias, que avistou em um improvável assédio a um grupo de cavalos, seriam capazes de produzir, cada uma delas, uma corrente elétrica entre 40 e 60 miliAmperes!

Essa intensidade de corrente elétrica corresponde a cerca de 6 ou 7% da amperagem que passa no interior de uma lâmpada elétrica de 100 watts de potência! O que dá um pouco a dimensão do verdadeiro estrago que um grupo de enguias pode fazer em um ser humano desavisado que ouse invadir o seu território.

Mas o curioso é saber que esse potencial elétrico das enguias não é algo fixo. Na verdade ele aumenta em relação ao tamanho desses animais e também às necessidades do momento.

Potencial das Enguias

Sabe-se, por exemplo, que esses choques podem tornar-se muito mais potentes a depender do grau de excitação de uma enguia.

Isso sem contar o fato de que, ao enrolar-se na presa, elas conseguem quase dobrar essa descarga sobre a vítima; que se não morrer sob o ataque, certamente será paralisada de forma a não poder opor a menor resistência ao ataque desse animal quando ele sente que é hora de matar a fome.

Uma Espécie com Características Únicas!

Os vários experimentos pelos quais essas enguias passaram ao longo de séculos serviram para defini-las como espécies de “baterias aquáticas”, cuja principal singularidade é o fato de emitirem uma intensidade elétrica que acaba por espalhar-se ou propagar-se pela água à sua volta.

Para a infelicidade das suas presas favoritas, além do choque em si, essas enguias ainda contam com a propagação dessa corrente; o que funciona bem como uma “arma de combate” sem igual nessa dura e às vezes ingrata luta pela sobrevivência nas profundezas das águas dos rios e mares de todo o planeta.

E tudo o mais que se sabe sobre essas peculiaridades das enguias, para além das características observadas nessas fotos e imagens, é que existem diferenças marcantes de intensidade (ou nos raios de ação) desses choques elétricos em ambientes de água doce, salgada ou na superfície.

Potencial das Enguias Características

No ambiente de água doce, por exemplo, acredita-se que esse potencial seja mais danoso para as presas e predadores; ao contrário do que ocorre no ambiente de água salgada, que conduz bem melhor essa eletricidade e a torna bem menos prejudicial.

Mas onde ela atinge o seu maior potencial mesmo é no ambiente externo!

Quando atingem a superfície, essas enguias tornam-se verdadeiras “cercas elétricas” em movimento!

Isso porque o potencial elétrico concentra-se todo ele em seus corpos – sem dissipação no ambiente; o que faz com que uma investida na superfície também esteja entre os mecanismos de defesa e de caça mais eficientes à disposição desse animal.

Um Potencial Elétrico Ainda mais Devastador!

Até recentemente acreditava-se que a nossa conhecida “Electrophorus eletricus” (o “poraquê”) era a enguia capaz de emitir o choque mais potente entre as espécies conhecidas na natureza.

No entanto, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), ligados ao Museu de Zoologia, e em parceria com estudiosos estrangeiros, descobriram que a coisa não funciona exatamente assim.

Após quase 6 anos de pesquisas em meio ao ambiente quase mítico da Bacia Amazônia, os pesquisadores, após a análise de mais de 100 variedades encontradas, descobriram outras duas espécies desse gênero Electrophorus ainda mais potentes.

Uma delas, por exemplo, é a extravagante Electrophorus voltai; uma singularidade capaz de lançar contra o seu adversário uma descarga elétrica de quase 860 volts, que é cerca de 4 ou 5 vezes maior do que aquela que recebemos quando, por uma dessas infelicidades do destino, introduzimos um dedo em uma tomada elétrica.

Electrophorus

Já a outra espécie descoberta, a Electrophorus varri, aproxima-se mais do poraquê quando o assunto é potencial elétrico; e todas elas também comungam das mesmas características físicas, com exceção de algumas diferenças pouco perceptíveis nas regiões do ventre e do crânio.

Acredita-se que essas variedades, com um potencial elétrico ainda maior do que o das enguias que atualmente conhecemos, tenham se separado de um ancestral comum por volta de 6 a 8 milhões de anos, possivelmente em regiões mais elevadas da Bacia Amazônica.

E por enquanto ainda não se sabe bem o porquê dessa Electrophorus voltai apresentar um potencial elétrico tão superior ao das demais.

Mas é possível que, mais uma vez, essa famigerada “seleção natural” esteja por trás do fenômeno; talvez para permitir a sobrevivência somente das espécies com maior potencial de gerar essa energia em regiões de baixa condutividade

Porém, o que se tem de certo é que a natureza selvagem não se cansa de surpreender quando o assunto são as características físicas, genéticas e biológicas dos seus membros.

E um desses exemplos são as enguias-elétricas, símbolos desse fantástico bioma da Bacia Amazônica, que a cada dia surpreende até mesmo os especialistas e pesquisadores de tudo o que diz respeito à sua comunidade de animais.

Além das Características que Vemos Nessas Fotos, as Enguias Também são Iguarias Apreciadíssimas

Outra curiosidade, dentre as várias que podem ser observadas no seio dessa comunidade das enguias, é o fato de que elas também são iguarias apreciadíssimas; e não apenas entre os orientais, como também entre os europeus.

Consta que já em meados do séc. XVIII, na região hoje conhecida como os “boroughs metropolitanos de Londres”, a carne das enguias-elétricas era uma refeição extremamente valorizada, chegando ao ponto de ser a principal responsável pela constituição de diversas feiras com centenas de vendedores capazes de distribui-la a preços bastante populares.

O que se diz é que era comum que vendedores ingleses, a essa altura, distribuíssem um delicioso prato com algumas postas dessas enguias saborosamente temperadas; e ainda em companhia de um delicioso licor de framboesas, pêssegos e amoras; como uma das principais curiosidades gastronômicas da Terra da Rainha.

E tudo o mais que se sabe sobre essa, digamos, singularidade gastronômica das enguias, é que essa tradição de vendedores de rua foi dando lugar à venda da iguaria em estabelecimentos legalizados.

As enguias agora eram pescadas de forma legalizada em pleno Rio Tâmisa, para o abastecimento de inúmeras lojas inglesas durante a famosa Era Vitoriana.

E essa é uma singularidade gastronômica e cultural que, de acordo com os estudiosos, contribuiu sobremaneira para amenizar a fome que se abateu em alguns períodos no reino, muito por conta do impressionante crescimento populacional experimentado a partir do advento da Revolução Industrial.

Na verdade um crescimento que também se deu por conta da forte migração das populações rurais em direção às cidades inglesas, além do massivo processo de migração de irlandeses, escoceses, entre outros componentes do Reino Unido.

Indivíduos que agora ajudavam a propagar, ainda mais, a fama dessas enguias pelos quatro cantos da Europa e a torná-las a matéria-prima de um dos pratos mais exóticos e incomuns dentre todos os que se tem conhecimento ao redor do mundo.

Uma Iguaria Bastante Singular

Sim, uma espécie de “serpente marinha” tornou-se, muito em função da necessidade, um peixe comestível e, em algumas regiões da Ásia, um prato exótico dos mais apreciados por turistas e por comunidades locais, em combinações inusitadas com os mais variados tipos de ingredientes.

Mas o problema é que muitos não sabem que as enguias-elétricas estão entre as espécies mais calóricas dentre todas as que se conhece na natureza!

Calcula-se que quase 2/3 da iguaria seja toda ela composta por gordura saturada; o que talvez tenha contribuído para que, mesmo tão nutritivas, elas fossem quase que totalmente descartadas como um prato para o cotidiano das  pessoas.

Isso sem contar o fato de não se recomendar o congelamento dessas enguias; e sem contar também o seu aspecto físico, que certamente contribuiu para que elas não se tornassem tão populares como os frutos do mar que chegaram às nossas mesas.

No entanto, como um prato típico de restaurantes ingleses, elas continuam praticamente imbatíveis!

Enguia em seu Ambiente

Basta lembrarmos, por exemplo, do tradicionalíssimo “fish and chips”; uma dos pratos considerados símbolos do Reino Unido, e que consiste em um peixe empanado acompanhado por batas fritas, e que, desde o ano de 1860, é vendido em praticamente todos os bares, pubs e restaurantes do reino.

As enguias chegaram a ser matérias-primas para a fabricação do prato até o início do séc. XX; uma cultura  que acabou sendo esquecida muito em função do aspecto dessa espécie e de um potencial calórico nem um pouco convidativo para os amantes de uma rica gastronomia.

Sabe-se, também, que o tradicional bairro de Hoxton ainda mantém o velho costume de servir o fruto do mar aos seus clientes; e não só aos nativos, mas também aos visitantes de diversas partes do mundo que, desde 1862, podem apreciar o prato na forma de postas temperadas com ervas e especiarias típicas desse trecho da Inglaterra.

Outra iguaria também famosa no Reino Unido à base de enguias é a “Jellied eel”.

E essa é a expressão de toda a exoticidade que pode ser encontrada na gastronomia mundial, pois consiste, basicamente, de pedaços de enguias elétricas convenientemente cozidos em um caldo ricamente temperado, para logo após serem levados à geladeira e transformarem-se numa espécie de gelatina com características originalíssimas.

As variações do Jellied eel hoje são inúmeras! Mas uma tradicional é feita à base das enguias cortadas em postas e cozidas em água, suco de limão, vinagre, noz-moscada, entre outros condimentos que permitam a produção de um singular caldo de peixe que deverá ser transformado nessa espécie de gelatina salgada.

E o curioso é que a própria composição das enguias, à base de proteínas como o colágeno, é suficiente para que o prato ganhe essa consistência.

E o que se diz é que um Jellied eel que se preze deverá ser servido acompanhado por uma bela torta de carne com purê de batatas. E se tiver uma boa taça de vinho (inglês?) à disposição, aí é que a experiência, segundo os seus apreciadores, torna-se verdadeiramente indescritível.

O Monstro do Lago Ness é uma Enguia?

A lenda do Monstro do Lago Ness é uma das mais singulares e controversas dentre todas as crenças e mitos que foram capazes de brotar da mente humana ao longo da sua existência, independentemente da época ou do local de cada suposto evento.

O monstro, de acordo com os que acreditam na lenda, habita as profundezas do Loch Ness (Lago Ness), nas Terras Altas da Escócia, e foi supostamente avistado pela primeira vez na superfície por volta do ano 596 d.C., quando um missionário irlandês garantiu ter presenciado o animal em uma das suas necessárias investidas no ambiente externo – como aliás é bastante comum entre as enguias.

O problema foi que a história se espalhou e adquiriu um status de quase verdade, principalmente após o jornal Inverness Courier, o mais antigo e lendário das Terras Altas da Escócia, ter divulgado que uma dona de casa, Aldie Mackay, havia avistado um animal entre uma baleia e um ser pré-histórico bem diante dos seus olhos.

Esse foi o estopim para que inúmeros depoimentos surgissem como em cascata. E um deles foi o do cirurgião britânico Robert Wilson, que inclusive foi capaz de oferecer uma foto (falsa) tirada por ele mesmo do monstro ao prestigiado jornal The Daili Mail, o que foi suficiente para que a lenda do Monstro do Lago Ness se tornasse verdadeiramente imortal.

Só que atualmente novas e mais emocionantes versões para a lenda do tal monstro têm surgido para torná-la ainda mais atraente; como essa última que garante que a besta nada mais é do que uma “enguia gigante”; uma espécie de “elo perdido” de espécies pré-históricas; e que, não se sabe como, sobreviveu até os nossos dias para tornar a lenda ainda mais intrigante.

A “Enguia Gigante”

Sim, o tal Monstro do Lago Ness seria apenas e tão somente uma enguia – uma enguia gigante!

E quem “afirma” isso são alguns cientistas da Nova Zelândia, que recentemente recolheram exemplares de enguias que habitam as profundezas do lago, juntamente com uma quantidade suficiente de água para a análise de amostras de DNA que possam desvendar o mistério.

Um feito importante dessa pesquisa foi a eliminação da hipótese de que o animal seria uma espécie de “plessiossauro”; um ser quase lendário que, não se sabe bem por que cargas d’água, teria sobrevivido, solitário, à terrível extinção do Cretáceo, para tornar-se um verdadeiro “ícone mundial” em pleno séc. XXI.

Esses animais, segundo os cientistas, podiam atingir entre 4,5 e 9 metros de comprimento; porém nenhum vestígio da presença deles foi encontrado nas águas do lago.

Os vestígios encontrados foram de “Enguias-europeias” (Anguilla anguilla”), que, supostamente, vieram parar na Escócia após uma migração de mais de 5 mil quilômetros a partir do Mar dos Sargaços, em pleno Oceano Atlântico.

Enguia Gigante

A descoberta, de acordo com um dos líderes do estudo, o geneticista da Universidade de Otago, Nova Zelândia, Neil Gemmell, não indica, de forma alguma, que o tal monstro exista, e nem mesmo que ele seria uma enguia gigante e pré-histórica.

Ela também não afirma a possibilidade – bastante apoiada durante muitas décadas – de que o monstro seja uma variedade de esturjão, ou um tipo qualquer de bagre, ou mesmo um tubarão com dimensões improváveis para esse gênero de animais.

O que a descoberta afirma é que se houver algo como um Monstro do Lago Ness nas profundezas do Loch Ness, ele só poderá ser mesmo uma enguia; uma “enguia gigante!” tal a quantidade do material genético desses animais encontrado no lago – e que supera, e muito, o de outras possíveis espécies que se acreditava existir nesse curioso e já quase mítico ecossistema escocês.

Fontes:

http://naturlink.pt/article.aspx?menuid=55&cid=5556&bl=1&viewall=true

https://pt.wikipedia.org/wiki/Anguilla_anguilla

https://pt.wikipedia.org/wiki/Poraqu%C3%AA

https://super.abril.com.br/ciencia/quao-forte-e-o-choque-da-enguia-um-cientista-testou-com-o-braco/

http://guiadoscuriosos.uol.com.br/blog/comes-e-bebes/pratos-a-base-de-enguia-os-londrinos-adoram/

http://jojoscope.net/2017/10/19/enguia-o-peixe-energetico/

https://www.portaldosanimais.com.br/informacoes/caracteristicas-e-curiosidades-da-enguia/

https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Biologia/noticia/2019/09/enguia-na-amazonia-tem-o-choque-mais-forte-ja-registrado-em-um-ser-vivo.html

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