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La Grande Soufriére Vulcão

O La Grande Soufriére é um vulcão em formato de cone, como o resultado de sucessivas erupções com explosões ou efusões de lava que ajudaram a dar-lhe esse formato. É uma exuberância com cerca de 1.466 metros de altura, incrustada na ilha de Basse-Terre (uma possessão francesa), no departamento de Guadalupe, em pleno Mar do Caribe.

A ilha de Basse-Terre tornou-se uma celebridade do dia para a noite, quando em meados dos anos 70 teve que ser evacuada às pressas devido a abalos sísmicos, seguidos da erupção do vulcão localizado na ilha.

Para se ter uma ideia do impacto desse evento, o La Grande Soufriére (algo como “A Grande Fábrica de Enxofre”) tornou-se a “Vié madanm la” ou a “Velha Senhora” – a grande personaliade do Parque Nacional de Guadalupe.

Além disso, foi palco para um excelente documentário do premiado cineasta alemão Werner Herzog, que fez questão de conferir a tragédia in loco, e trazer para o público uma das mais belas e poéticas narrações sobre um desastre natural já realizado.

Hoje, o vulcão La Grande Soufriére é o principal ponto turístico desse trecho das ilhas caribenhas. Uma experiência das mais gratificantes, e que só exige mesmo uma boa dose de disposição, o uso de trajes confortáveis, e, é claro, muita coragem.

O lar do La Grande Soufriére Vulcão

Os que já tiveram tal experiência são categóricos ao afirmar que contemplar toda a beleza das Pequenas Antilhas em um ângulo de 360° é um dos mais belos presentes que alguém pode se dar em vida

E ainda poder debruçar-se sobre o sul de Basse-Terre e sobre as belas ilhas de Martinica, Dominica e Marie-Galante; e completar a experiência com a contemplação do nascer-do-sol do alto dos quase 1.500m do La Soufriére.

Mas a coisa não para por aí! O trajeto até atingir o vulcão, por si só, já é uma verdadeira experiência! Durante a subida, é possível admirar uma densa floresta que acompanha quase todo o trajeto, atravessar a belíssima Saint-Claude, até desembocar nas singulares piscinas de água quente (a 30°C) formadas após as erupções vulcânicas.

Na verdade, o que se diz é que essa água (com uma característica sulfurosa) possui propriedades milagrosas, especialmente para as articulações, ossos e músculos.

Mas se isso ainda não for o suficiente, lá irá encontrar, também, uma típica floresta tropical, com os seus belos exemplares de carvalhos, pinheiros, castanheiros e oliveiras, entremeados pelos mais originais espécimes da flora e da fauna desse trecho das Américas.

Espécimes como as típicas mariquita-amarela, a garça verde e a jacutinga, entre outras que podem ser encontradas enquanto contempla a bela Savane aux Mulets e demais trechos da região.

Até que, finalmente, surja, magnífico, o La Grande Soufriére Vulcão. Trazendo consigo todo aquele curioso clima de desolação típico das regiões vulcânicas, onde os ventos são mais intensos, a vegetação mais escassa, o solo árido e pedregoso, e o ar tomado por aquele característico cheiro de enxofre.

Impressões que, no entanto, contrastam, magnificamente, com os belos paredões e escarpas repletos de vegetação rasteira e flores típicas da região.

Em meio às temperaturas elevadas do local devido à presença de um vulcão que não deixa de, a todo o momento, mostrar que está vivo; e bem vivo! a exalar densas fumarolas que indicam a sua presença.

O Arquipélago de Guadalupe

O arquipélago de Guadalupe – onde fica a ilha de Basse-Terre, a casa do La Grande Soufriére Vulcão – é, desde meados do séc. XVII, uma possessão francesa e praticamente um mistério para os que vivem fora da América Central

Ele é, digamos, uma imensa ilha vulcânica, descoberta pelo mítico navegador Cristovão Colombo, e que tem como inquilinos os não menos singulares territórios de Barbuda, Martinica, Antígua, Dominica, entre outros “paraísos terrestres”.

Lá é possível admirar locais como o Le Parc Archéologique des Roches Gravées, a queda d’água de Carbet em Capesterre-Belle-Eau, La Réserve Naturelle du Grande Cul-de-Sac Marin, as cascatas próximas à Route de la Traversée, entre outras regiões paradisíacas.

Que competem em beleza com trechos reservados à biodiversidade, como o La Pointe de la Grande Vigie, La Pointe-des-Châteaux, o Le Gosier Islet (com suas incríveis trilhas submarinas), entre outros trechos recomendados para quem gosta de aventura, sítios arqueológicos e desbravar o passado ancestral dos lugares.

E, por fim, poderá fazer, também, uma comparação com as demais regiões do arquipélago, em uma viagem rápida até às suas ilhas próximas, como a preguiçosa La Désirade e a bela Petite-Terre.

Além das bucólicas Marie-Galante, Les Saintes, São Martinho, São Bartolomeu, entre outras, que competem com Basse-Terre pelo sugestivo apelido de “ a ilha de belas águas.”

O La Grande Soufriére Vulcão: Documentário

Uma das vigas-mestras do “Novo Cinema Alemão”, Werner Herzog, não pensou duas vezes quando soube que o La Grande Soufriére estava prestes a entrar em erupção, e que, no entanto, um dos moradores do lugar simplesmente se recusava a abandonar a ilha – como fez todo o restante da população.

Obviamente estava ali um tema instigante demais para ser simplesmente ignorado pelo diretor de “Fitzcarraldo” (1982), que logo embarcou com todo o seu material e mais dois fotógrafos, em busca dessa que seria uma das suas mais fascinantes e poéticas obras cinematográficas.

Estava sendo gestado, ali, o documentário “La Soufrière – Waiting for an Inevitable Disaster” (“La Soufriére – Esperando por um Desastre Inevitável”- 1977), que, mais uma vez, retratava um dos temas favoritos do diretor: um homem e um sonho, geralmente impossível, e perseguido contra tudo e contra todos.

Durante cerca de 30 minutos, Herzog narra, pessoalmente, tudo o que via e ouvia à sua volta: O desastre, a cidade desolada, toda a destruição ao seu redor. O porto abandonado, a delegacia com as portas escancaradas, os cães morrendo de inanição nas ruas –  em uma paisagem típica de uma produção cinematográfica.

O diretor segue observando, incrédulo, as casas abandonadas; e de onde se podia ver televisores e rádios ligados.

Enquanto lá fora, um silêncio; um profundo e angustiante silêncio; como se o evento fora algo realizado às pressas e desabaladamente – mesmo apesar das enormes discordâncias, à época, sobre a real necessidade de se evacuar o local dessa forma.

Até que, por fim, o ponto alto da obra! É quando, finalmente, ele encontra-se com o morador resistente, que decidiu não sair da cidade, a despeito dos riscos que corria no local.

Em sua companhia, outros dois moradores, supostamente também loucos, ou que simplesmente não tinham para onde ir.

Mas as “respostas” só são obtidas ao final do documentário, em uma das produções mais importantes da carreira do cineasta, e certamente de toda a produção cinematográfica mundial.

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