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Como o Solo Argiloso é Utilizado Comercialmente?

O solo argiloso costuma ser utilizado comercialmente na construção civil para a fabricação de tijolos, cerâmicas, telhas, entre outros artefatos típicos desse segmento.

Na sua composição, grãos menores do que os do solo arenoso (combinados com quantidades maiores de água) dão essa sua característica de um solo fofo, macio e pegajoso.

Ele é o tipo de terreno mais abundante no Brasil. Sua composição é basicamente argila, alumínio e ferro – o que o torna um solo bastante denso, úmido e pastoso – por esse motivo o menos indicado para a agricultura, apesar de ser bastante rico em minerais e demais nutrientes.

O solo argiloso é formado por microporos. Esses são grânulos que dificilmente são enxergados a olho nu, e por isso mesmo são mais ligados (molecularmente ligados) impermeáveis, altamente resistentes e duráveis quando o terreno está seco.

Ele costuma ser bastante utilizado comercialmente também pelo fato de ser resistente à erosão e aos efeitos das intempéries.

Tanto é assim que, no passado, ele era a principal matéria-prima utilizada na construção de casas, até que o cimento e outros matérias modernos caíssem nas graças do homem moderno.

É praticamente impossível enumerar as várias utilizações desse material – desde a fabricação de panelas, passando pelo uso como material para escultores, até mesmo como um produto medicinal – , mesmo assim, segue uma lista com alguns exemplos de como o solo argilosos pode ser utilizado comercialmente, além das vantagens de elegê-lo como o material favorito em várias regiões do planeta.

1.Cerâmica

Seja para a cerâmica tradicional, artística ou industrial, o solo argiloso é considerado um dos materiais mais apropriados para esse tipo de artesanato.

Para tal, ele costuma ser trabalhado em altas temperaturas (entre 500 e 600°C), após ser moldado com a quantidade adequada de água.

Suspeita-se que essa prática exista desde o Neolítico (há cerca de 9.000 anos), muito por conta de alguns achados arqueológicos, entre os quais, peças encontradas no Japão, Leste Europeu, Egito, China e até mesmo na América do Sul – em especial na Floresta Amazônica.

Na cerâmica tradicional e moderna, a argila serve de matéria-prima para pisos, azulejos, ladrilhos, vasos, entre outros artefatos para os quais as suas características básicas são consideradas o que há de melhor.

2.Tijolos

Mas também há como utilizar o solo argiloso comercialmente para a fabricação de tijolos. Para tal, o ideal é que a argila seja recolhida de um solo próximo de áreas inundadas, margens de rios, florestas de várzea, entre outas regiões semelhantes.

Os próximos passos envolvem a retirada de impurezas (apodrecimento), produção do material (aglutinação) e a sua modelagem em formas que darão as características típicas desse tipo de artefato.

O trabalho é finalizado com a exposição dos tijolos para secagem ao sol (entre 1 a 3 dias), cozimento em forno a lenha, seguido de outro processo de secagem (entre 2 ou 3 dias) – para que só então eles possam ser utilizados para a construção de casas residenciais ou comerciais.

Alguns achados na Turquia, Ásia Menor e Palestina (às margens do Jordão), indicam que entre 8.000 e 7.500 a.C., já se utilizavam os tijolos de argila como matéria-prima para construções. E que a prática do seu cozimento já pode ter em torno de 5.000 anos.

3.Adobes

Mas um solo argiloso também pode ser utilizado comercialmente na forma de adobes. Estes são espécies de materiais de alvenaria, provavelmente em uso há pelo menos 5.000 anos.

Os adobes diferem dos tijolos por apenas secarem ao sol (sem serem cozidos), além de conterem, em sua composição, algumas espécies de fibras vegetais, areia e cascalho.

O norte da África, Mesopotâmia, Egito, Suméria e Pérsia, estão entre as civilizações que mais utilizaram essa ferramenta como material para os mais diversos tipos de construções. Desde túmulos para faraós, passando por templos religiosos, ou mesmo para construções particulares – na verdade não havia construção antiga nessas regiões que não se rendesse às incríveis qualidades dos adobes.

Para se ter uma ideia da importância desse material, basta dizer que nos dias atuais ele ainda continua sendo bastante utilizado, especialmente em uma variação conhecida como BTC (Bloco de Terra Comprimida), à base de argila, cal, cimento, fibras e água – como os que são utilizados em construções modernas, inclusive em países desenvolvidos.

4.Telhas

Uma outra maneira de se utilizar o solo argiloso de forma comercial, é na produção de telhas. Esse é um recurso ainda bastante utilizado, especialmente nas cidades mais afastadas, interioranas, ou mesmo na zona rural.

A sua resistência, pouca ou quase nenhuma absorção do calor do sol, preço baixo, abundância de matéria-prima, beleza rústica, entre outras qualidades, fazem das telhas à base de argila um dos materiais mais utilizados na construção civil em todo o mundo.

Por ter a característica de uma obra artesanal, a cobertura feita com telhas de argila exigirá uma certa atenção quanto ao tipo de clima do local, forma de encaixe das telhas, existência de mão-de-obra especializada, custo-benefício, viabilidade, disponibilidade desse material na região, incidência e tipos de intempéries, entre outros fatores que determinarão a viabilidade e eficiência desse tipo de escolha.

5.Na Arte

Por fim, a arte! Essa também é uma das formas de se utilizar-se do solo argiloso para fins comerciais. Mas nesse caso, vamos tratar especialmente da 4º arte: a Escultura, que tão bem soube, através dos tempos, manipular – muitas vezes com genialidade – a sua composição.

De uma prática mágica e religiosa, a escultura tornou-se, no Paleolítico, uma das formas escolhidas pelo homem primitivo para representar tudo o que via à sua volta.

Sabemos que foram o gesso, pedra, bronze, mármore e metal as matérias-primas que imortalizaram algumas das mais belas representações da Grécia Clássica, da Roma Antiga, da Idade Média ou da Moderna, como o Davi de Michelangelo, a Vitória de Samotrácia, ou mesmo o Beijo (de Rodin), entre várias outras.

No entanto, foram as esculturas em argila (muitas delas de Terracota) da Suméria, Egito, China, entre outras civilizações antigas, que abriram o caminho para que a escultura se tornasse o que é hoje, uma das artes clássicas e, inclusive, o meio de vida de milhares e milhares de profissionais ao redor do mundo.

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