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Como as Espécies Vegetais e Animais São Utilizadas na Caatinga

Além de suas condições climáticas extremas, a Caatinga (um tipo de floresta tropical sazonal) abriga uma impressionante biodiversidade faunística e florística. Qual é o estado atual da pesquisa em biodiversidade na Caatinga brasileira?

A Caatinga Brasileira

No Brasil, a palavra Caatinga é usada para designar uma grande área geográfica compreendendo uma variedade de tipos diferentes de vegetação. Também é usado para nomear a região semiárida que ocupa a maior porção do nordeste do Brasil.

Sua temperatura e precipitação qualificam a área como uma floresta tropical sazonal. A maioria das informações coletadas em estudos da vegetação da Caatinga se aplica apenas a um pequeno número de áreas.

É difícil formular generalizações sobre a dinâmica da vegetação desta região por causa da falta de replicação, que é comum para outros tipos de vegetação em todo o mundo. O estudo dos vertebrados que habitam a Caatinga segue a mesma tendência encontrada no estudo da vegetação.

Esta região em particular inclui áreas perturbadas muito grandes, bem como áreas submetidas a processos de desertificação, sendo que ambas receberam alta prioridade para preservação e/ou restauração. Apesar das lacunas reconhecidas em nosso conhecimento dessa região, o número de estudos sobre a biodiversidade da Caatinga aumentou consideravelmente nas últimas décadas.

Ictiofauna e Herpetofauna

A ictiofauna é encontrada em todos os ambientes aquáticos em uma ampla gama de habitats. É o grupo que possui maior riqueza entre os vertebrados. Nesse sentido, existem 2.587 espécies de peixes endêmicos para ambientes de água doce no Brasil.

Nos últimos anos, vários estudos aumentaram nosso conhecimento sobre a diversidade de espécies de peixes na Caatinga por meio de estudos descritivos, como os que dizem respeito às espécies anuais da família rivulidae. Existe uma ocorrência de 240 espécies de peixes na Caatinga distribuídos em sete ordens, com siluriformes e characiformes como os mais diversos.

A herpetofauna inclui Anurans, Gymnophiona, Testudines, Squamata e Alligators. Esses grupos apresentam uma quantidade significativa de variabilidade em seus morfotipos, isto é, associados a nichos ecológicos específicos. Esses organismos também são altamente suscetíveis e sensíveis a mudanças ambientais.

A conhecida herpetofauna da Caatinga compreende atualmente 175 espécies (53 anuros, 3 Gymnophiona, 7 testudines, 47 lagartos, 10 Amphisbaenia, 52 serpentes e 3 jacarés). Aproximadamente 12% dessas espécies são endêmicas. Lagartos e serpentes são os temas de mais de 50% dos artigos científicos sobre a herpetofauna. Membros da ordem Testudines e crocodilianos têm sido pouco estudados, com registros ocasionais dessas espécies ocorrendo nas principais bacias de drenagem da Caatinga.

Avifauna e Mamíferos

A Caatinga foi identificada como um importante centro de endemismo para aves sul-americanas. Embora a avifauna seja o grupo de animais mais conhecido no que diz respeito à sua taxonomia, distribuição geográfica e história natural, ainda existem muitas lacunas na nossa compreensão da distribuição, evolução e ecologia da avifauna da Caatinga em comparação com outras espécies. regiões naturais do Brasil, como a Mata Atlântica e o Cerrado.

Estudos publicados que investigaram a biologia evolutiva, comportamental ou reprodutiva de espécies de avifauna ou examinaram seu potencial de conservação são raros. Além disso, poucos estudos analisaram os movimentos sazonais das espécies ou as interações entre a avifauna desta região e a disponibilidade de recursos, que abrangem temas como polinização, dispersão e ecologia de forrageamento.

Nas últimas quatro décadas, houve um notável progresso na expansão de nosso conhecimento sobre os mamíferos da Caatinga. Os notáveis ​​esforços de pesquisa da década de 1980 contribuíram com informações sobre a riqueza de espécies, ecologia, comportamento, fisiologia e distribuição da fauna de mamíferos na Caatinga.

A partir desta série de estudos, foram feitas as seguintes cinco hipóteses iniciais sobre biologia e ecologia dos mamíferos da Caatinga: (I) o número de espécies é relativamente baixo, (II) existe baixo grau de endemismo, (III) os mamíferos da Caatinga representam um subconjunto dos mamíferos do Cerrado; (IV) os mamíferos que vivem na Caatinga não possuem adaptações fisiológicas pronunciadas à vida nesta região semiárida, e (V) esses mamíferos exibem adaptações comportamentais que lhes permitem viver neste ambiente.

Ecologia Vegetal

Até o momento, pelo menos 248 estudos examinaram a vegetação da Caatinga, 33% dos quais tentaram responder questões relacionadas à flora e à fitossociologia da região. Esse foco reflete as políticas do país que apoiam o aumento do conhecimento científico e tecnológico.

Apesar das diferenças existentes entre os critérios de amostragem e os esforços de amostragem dos vários estudos florísticos e fitossociológicos da Caatinga, esses estudos confirmam que a vegetação apresenta diversos tipos de fisionomias, variando de vegetação predominantemente herbácea a vegetação arbórea, com diferenças na composição florística entre os tipos fisionômicos, e inclui um número considerável de espécies endêmicas.

Apesar da rica diversidade fenológica das florestas tropicais secas, pouco se sabe sobre os fatores determinantes e mecanismos pelos quais as plantas adaptam seus padrões fenológicos. Esta situação é ainda mais complicada na Caatinga, uma floresta tropical seca que ocupa uma das maiores áreas terrestres do mundo e existe no extremo da disponibilidade de recursos hídricos para as florestas.

A Perspectiva de Fauna e Flora da Caatinga

Claramente, mais estudos precisam examinar as comunidades e populações de plantas e animais da Caatinga, pois as generalizações sobre a dinâmica desse tipo de vegetação devem considerar a diferenciação de habitats existentes, o que influencia o comportamento ecofisiológico, a dinâmica reprodutiva e a capacidade de sobrevivência. dos indivíduos de diferentes populações.

Com relação à flora da Caatinga, muitas questões e lacunas foram reconhecidas em estudos anteriores mas permanecem sem resposta. Por exemplo, qual é a contribuição anual de sementes para a renovação do banco de sementes na Caatinga? Dentro de uma única população de plantas da Caatinga, há variação temporal nas características sexuais? Qual é o significado biológico da variação nos comportamentos fenológicos e reprodutivos das plantas para a dinâmica populacional e evolução das plantas neste ambiente? Quais espécies de Caatinga exibem modelos dinâmicos interativos e como essas interações facilitam nossa compreensão das funções ecossistêmicas da Caatinga? Quais mecanismos de sobrevivência são empregados pelas plantas na Caatinga? Quais espécies podem ser usadas para ajudar na recuperação de áreas antropogenicamente perturbadas?

No que diz respeito à fauna, os principais desafios a serem superados nas próximas décadas são os seguintes: (I) direcionar esforços para estudos multidisciplinares com objetivos de pesquisa de longo prazo; (II) promover revisões taxonômicas de espécies com muitos morfotipos; (III) registrar a distribuição geográfica real, a dieta, as especificidades espaço-temporais e os aspectos reprodutivos das espécies que ocorrem na Caatinga.

No que diz respeito ao estado de conservação das espécies da Caatinga, há uma série de questões relevantes, como as consequências das modificações climáticas e processos de desertificação para estruturas populacionais, particularmente considerando que as espécies da Caatinga podem ser adaptadas a longos períodos de seca, ser extremamente vulnerável a mudanças climáticas rápidas.

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