Tartaruga-da-Madeira: Características, Nome Científico e Fotos

Os que passaram dos quarenta, ou mesmo dos cinquenta, provavelmente lembram-se da Tartaruga Touché, uma tartaruga espadachim que apresentava a si mesma como “executante de feitos heroicos” ao atender o telefone dentro de seu casco, e que encantava a garotada com seus duelos de capa e espada para combater o mal, ao lado do seu auxiliar, o cachorro Dudu.

A esgrima, esporte que requer velocidade e agilidade, certamente não é o mais adequado para uma tartaruga. Especialmente a nossa tartaruga-da-madeira que, com sua velocidade limitada, percorre cerca de cem metros por dia, no máximo.

Este artigo ajudará você a conhecer mais sobre este animal deveras interessante.

Tartaruga-da-Madeira: Características, Nome Científico e Fotos

Glyptemys insculpta. Esse é o nome científico da tartaruga-da-madeira. O nome significa, literalmente, “que tem o casco esculpido”.

O nome decorre das formações piramidais características em seu casco, tão cuidadosamente encaixadas que parecem ter sido cuidadosamente esculpidas. Sua carapaça (casco) é cinza-escura, tem as patas, a cabeça e o ventre alaranjados e com manchas negras.

Nada tem de gigante como alguns de seus parentes próximos. Os machos da espécie, normalmente maiores que as fêmeas, atingem no máximo vinte e três centímetros, pesando no máximo um quilo quando na idade adulta. Praticamente nada quando comparadas com suas primas Aldabrachelys gigantea, as tartarugas-gigantes, que podem atingir 1,3 metros e chegam a pesar 300 quilos.

As tartarugas-da-madeira são originárias da América do Norte e podem ser encontradas desde a Nova Escócia, ao leste do Canadá, até os estados norte-americanos de Minnesota e Virgínia.

Pets

A boa notícia para os que gostam de animais de estimação e apreciam as tartarugas em geral é que a tartaruga-da-madeira, por seu tamanho, pode ser uma ótima opção como pet.

Assim como nós humanos, são onívoras. Comem desde plantas, fungos e frutas, até pequenos animais invertebrados e, pasme, até mesmo carniça! Alimentam-se tanto na água quanto em terra. São perfeitamente capazes de coabitar com outros animais, mesmo que lhe sejam ameaçadores. Protegidas em seus cascos espessos, elas são praticamente invulneráveis à ação de predadores.

Não Tão Invulneráveis Assim

Apesar de suas carapaças constituírem uma proteção eficiente na maioria dos ataques, as tartarugas-da-madeira não são indestrutíveis. De fato, muitas delas são mortas por atropelamento, quando se deslocam atravessando rodovias. Isto se dá porque são conhecidas como “muito andarilhas”. Se você acha isso estranho, sabendo que elas andam apenas cem metros por dia, é bom lembrar que isso é praticamente o dobro do que costuma andar a prima gigantesca, a tartaruga-das-galápagos.

Nós humanos contribuímos de outra forma lamentável para o fato delas estarem registradas como animais em risco, destruindo seus habitats naturais. Elas vivem sempre perto de cursos de água e a extinção desses por desvios ou assoreamento constitui um risco para a espécie.

Junto aos cursos de água normalmente encontram-se também as atividades agrícolas humanas. Acidentes com arados, tratores e colheitadeiras também vitimam muitos desses animais.

A principal causa, porém, do risco que estes animais correm, é a captura ilegal. Portanto, se você ficou feliz ao saber que elas podem ser animais de estimação, lembre sempre que o lugar dos animais é na Natureza.

Na Natureza a tartaruga-da-madeira costuma viver por volta de quarenta anos. Bem menos que suas primas tartarugas-das-galápagos, cujo espécime mais velho conhecido viveu 177 anos.

Em cativeiro as tartarugas-da-madeira costumam viver um pouco mais, até por volta dos cinquenta e cinco anos. Isso, no entanto, não é uma boa desculpa para capturá-las, visto que a reprodução destes animais em cativeiro é sempre mais difícil que em seu habitat natural.

As Tartarugas Na Mitologia

Há muitas histórias curiosas sobre as tartarugas nas mitologias de diversos povos.

Uma delas, que deve agradar muito os terraplanistas, diz que a Terra é um disco coberto por um domo (exatamente como o modelo da Terra Plana que eles defendem), que repousa nas costas de quatro elefantes que, por sua vez, estão sobre as costas de uma gigantesca tartaruga. A lenda não explica, é claro, onde estaria apoiada esta tartaruga.

O próprio nome genérico da espécie vem de uma lenda. As tartarugas são conhecidas como quelônios, por causa de Kelonê, uma das ninfas. Ela foi punida por Zeus com sua transformação em uma tartaruga pelo fato de ter deixado de comparecer ao casamento dele por pura preguiça de arrumar-se.

Furioso, Zeus transformou-a em um animal que tem a fama de preguiçoso, a tartaruga, por causa da lentidão de seus movimentos. Em outras versões da lenda a punição foi aplicada não por Zeus, mas por Hermes, o veloz mensageiro dos deuses, que é representado tendo asas em seus pés por ser muito veloz. A imagem de Hermes inspirou a vestimenta do super-herói “The Flash”.

No folclore japonês existe a lenda do pescador Urashima, que protege uma tartaruga que estava sendo maltratada na praia por alguns garotos e descobre que ela era a Rainha dos Mares.

Um Estudo Canadense

O mais amplo estudo das tartarugas-da-madeira já feito ocorreu em Quebec, no Canadá, durante os anos de 1996 e 1997. Neste estudo foram observados seus hábitos reprodutivos e migratórios, entre outras coisas.

Descobriu-se que elas fazem longas jornadas até acharem as áreas ideais para organizarem seus ninhos e colocarem seus ovos. E que permanecem no ninho por até nove dias antes da desova. Elas foram vistas fazendo seus ninhos em vários momentos do dia, ao contrário de outras espécies de tartarugas que se dedicam a essa atividade apenas durante a noite.

Observou-se também, através do anilhamento, que as tartarugas-da-madeira tendiam a voltar, ano após ano, ao mesmo local de desova.

A idade reprodutiva dessa espécie é atingida entre os doze e os dezoito anos, e a quantidade de ovos postos é pequena quando comparadas com outras espécies de tartarugas. São apenas oito a onze ovos por ninho.

Algumas conclusões do estudo são alarmantes. A taxa de mortalidade entre ovos e filhotes desta espécie atinge 80%, ou seja, apenas vinte de cada cem ovos escapam dos predadores. Somando-se a isso a caça ilegal, os acidentes de agricultura e os atropelamentos que já mencionamos, é triste saber que elas ganharam em 2000 o status de animais em risco de extinção.