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Surucucu-do-Pantanal é Venenosa? Conhecendo e Desvendando a Espécie

Ao mencionarmos o termo Surucucu, é comum que venha à mente a espécie Surucucu-pico-de-jaca, considerada a maior serpente peçonhenta da América do Sul, e comum em florestas densas, a exemplo da nossa Amazônia. No entanto, a protagonista deste artigo é outra.

Conhecida em alguns locais como Jararaca-açu do brejo, Jararaca-açu da água, Jararaca-açu piau, boipevaçu ou falsa cobr’água. A Surucucu-do- pantanal (nome científico Hydrodynastes gigas) é uma cobra de grande porte e hábitos semiaquáticos.

Conhecendo as Principais Características da Espécie

Diferentemente da Surucucu-pico-de-jaca (nome científico Lachesis muta)- –  que caça, principalmente, roedores, a Surucucu-do-pantanal tem preferência por alimentar-se de peixes e, principalmente, anfíbios.

Esta espécie mede em média 2 metros, embora algumas cheguem a 3 metros de comprimento. As fêmeas costumam serem maiores do que os machos.

Ao ser ameaçada, pode achatar a região do pescoço e desferir botes certeiros. O termo “boipevaçu” foi originado a partir desse comportamento. “Boipeva” significa “cobra chata” e “açu” significa grande.

Surucucu do Pantanal na Grama
Surucucu do Pantanal na Grama

A coloração desta cobra é definida por alguns especialistas como olivácea ou castanho acinzentada, com algumas manchas negras ao longo do corpo e perto dos olhos. Esta coloração permite que ela possa se camuflar com facilidade na beira dos brejos, local que costuma viver. As manchas negras estão muito mais presentes na cobra quando filhote.

A nível de conhecimento geral, e importante citar que a fêmea deste ofídio desova entre 8 a 36 ovos de uma única vez. Os filhotes nascem com cerca de 20 cm, e, naturalmente, já manifestam agressividade, o que torna impossível que sejam mantidos em grupo.

A Surucucu-do-pantanal apesar de estar frequentemente associada a ambientes aquáticos, também pode estar presente em ambientes secos. Assim como também pode caçar outras espécies, a exemplo de aves, pequenos roedores, ou até mesmo, outros repteis.

No momento da Caça, essa Cobra Adota alguma Estratégia para Capturar a Presa com Mais Facilidade?

Sim, aliás a sua estratégia de caça é muito interessante: ao estar dentro d’água, ela cutuca a vegetação circundante com a ponta da cauda, de modo a detectar a presença de sapos e rãs no local. Ao fazer isso, as rãs menores costumam saltar. No momento do salto, são capturadas.

Qual a Distribuição Geográfica da Surucucu-do-Pantanal?

Nas áreas de planície inundável dos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a Surucucu-do-pantanal é um dos ofídios avistados com maior frequência. Sua distribuição geográfica estende-se desde o Peru até o Norte da Argentina, Bolívia e Paraguai. No Brasil, está presente nas regiões Sudeste e Centro-oeste. No entanto, também há relatos da presença deste ofídio no estado de Rondônia.

Aliás, o estado de Rondônia é um dos campeões no número de serpentes catalogadas, ao todo são 118. Convém lembrar que o território brasileiro tem registro de mais de 300 espécies desses répteis. Dados que variam muito, conforme a fonte pesquisada, e podem chegar até a aproximadamente 400. Ao redor do mundo, este número sobe para quase 3000, ou seja, 10% dessa população está concentrada no Brasil.

A distribuição da Surucucu-do-pantanal no estado de Rondônia é uma das exceções à preferência de hábitat desta espécie.

Mas, Afinal a Surucucu-do-Pantanal é Venenosa ou Não?

Depois de muitas informações relatadas aqui, e da descrição minuciosa do perfil desta cobra, aqui estamos novamente.

Voltamos à pergunta/ curiosidade inicial: a Surucucu-do-pantanal é venenosa?

A resposta é sim, mas não chega a ser fatal para os humanos.

Acontece que esta espécie de ofídio pertence a um grupo de cobras que apresentam uma glândula chamada de “Glândula de Duvernoy”. Esta glândula, quando estimulada maciçamente, libera uma substância tóxica/ venenosa.

Outra informação relevante é que as presas da Surucucu-do-pantanal são aumentadas no fundo da boca, o que é característico de predadores que caçam anfíbios.

Os sapos ao serem atacados, naturalmente, incham e aumentam de tamanho. Nesse caso, as presas da cobra perfuram os pulmões do animal, contribuindo para que ele desinche e seja mais facilmente ingerido.

Ao morder o animal e “perfura-lo” com sua presa, esta Surucucu também pode estimular a glândula e facilitar a liberação da toxina. Uma vez liberada, haverá dor e inchaço no local, caracterizando o envenenamento.

Se um ser humano é mordido pela Surucucu-do-pantanal, talvez não entre em contato com a substância tóxica. Para que seja envenenado, é necessário que a cobra fique um tempo considerável macerando o local da mordida, o que é pouco provável, pois a nossa reação em situações do gênero é retirar o membro acometido rapidamente, como se fosse um reflexo ao susto.

Caso, entremos em contato com a substância tóxica, vamos manifestar a reação característica de dor e inchaço (que podem ser neutralizadas durante o  atendimento médico), mas que não se comparam às reações habituais provocadas pela picada de outras cobras peçonhentas, a exemplo da Jararaca, Cascavel, Coral verdadeira e, até mesmo da Surucucu-pico-de-jaca.

Portanto, ao responder à pergunta se a Surucucu-do-pantanal é venenosa ou não, podemos, inclusive, encontrar algumas divergências entre os pesquisadores da área.

De qualquer forma, conhecer as espécies de ofídios e identifica-las minimamente pode ser extremamente útil. Informação nunca é demais.

Ah, Antes Que eu Esqueça, Aqui vai uma Nota Importante!

Para aqueles que trabalham em áreas consideradas hábitats de animais venenosos, convém lembrar-se da necessidade do uso de equipamentos individuais de proteção, tais como sapatos, botas e luvas de couro.

Equipamento de Proteção Contra Cobras
Equipamento de Proteção Contra Cobras

Além disso, diante de qualquer acidento ofídico, é totalmente desaconselhável a realização de torniquetes no local afetado, assim como a aplicação de materiais improvisados que, principalmente, o trabalhador rural está habituado a fazer. Não se recomenda o uso de álcool, pinga, café e alho no local. Da mesma forma, não deve ser realizada incisão ou sucção da picada, sob o risco de haver infecção secundária.

Combinado? Tudo certo, então. Recado dado.

Se você gostou de aprender um pouco mais sobre a Surucucu-do-pantanal e considera que este artigo foi útil, não perca tempo e divulgue-o para um maior número de conhecidos possível.

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Conhecer as curiosidades da natureza é simplesmente fascinante!

Até as próximas leituras!

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, S. Conheça a serpente “Surucucu-do-pantanal” (Hydrodynastes Gigas). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=m9lE2leJoDQ>;

BERNADE, P. S.; ABE, A. S. A snake community at Espigão do Oeste, Rondônia, Southwestern Amazon, Brazil. South American Journal of Herpetology. Espigão do Oeste- RO, v. 1, n. 2, 2006;

PINHO, F. M. O.; PEREIRA, I. D. Ofidismo. Rev. Assoc. Med. Bras. Goiânia-GO, v.47, n.1, Jan/Mar. 2001;

SERAPICOS, E. O.; MERUSSE, J. L. B. Morfologia e histoquímica das glândulas de Duvernoy e supralabial de seis espécies de colubrídeos opistoglifodontes (serpentes Colubridae). Pap. Avulsos Zool. São Paulo-SP, v. 46, n. 15, 2006;

STRUSSMANN, C.; SAZIMA, I. Esquadrinhar com a cauda: uma tática de caça da serpente Hydrodynastes Gigas no Pantanal, Mato Grosso. Mem. Inst. Butantan. Campina- SP, v.52, n. 2, p.57-61, 1990.

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