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Surucucu do Brejo

A surucucu do brejo (Hydrodynastes giga), também conhecida como surucucu-do-pantanal recebe esse nome por ser facilmente encontrada nas planícies inundáveis dos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

É importante não confundir essa espécie com a Surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta). Pois, apesar do nome semelhante, essa serpente tem hábitat e características anatômicas distintas da surucucu do brejo. Não é encontrada em áreas de planície, e sim em florestas densas, tal como a Amazônia e a Mata Atlântica.

A surucucu-pico-de-jaca é considerada uma cobra peçonhenta, enquanto que a surucucu do brejo não. Leia mais sobre esse assunto no artigo Surucucu-do-pantanal é venenosa? Conhecendo e desvendando a espécie. 

Neste artigo você vai conhecer um pouco mais sobre a surucucu do brejo, seus hábitos, alimentação e características.

Venha conosco e boa leitura.

Surucucu do Brejo: Considerações Gerais

A surucucu do brejo é uma serpente endêmica na América Latina. Sua presença já foi descrita em países como o Peru, Paraguai, Argentina, Guiana Francesa (ao longo da porção costeira do país), Bolívia e Suriname.

Aqui, no Brasil, apesar de ser mais frequente nos estados do Sudeste e Centro-Oeste, a serpente também já foi vista nos estados de Rondônia, Amazonas, Amapá e Pará.

Pertence à família Colubridae, ordem Squamata. Em algumas literaturas também é possível ver alusão de que essa espécie pertença à família Dipsadidae.

Além de surucucu do brejo e surucucu-do-pantanal, ela também recebe outros nomes, tais como falsa cobra d’água, Jararacuçu do brejo, Jararacuçu da água, víbora ladradora (em inglês, barking snake), yacanina, Jararacuçu piau e boipaveaçu (palavra de origem tupi-guarani que significa “cobra grande e achata”).

Essa espécie é considerada vulnerável, pois além da baixa densidade populacional, ela é batida com frequência quando encontrada pelo homem. Outra situação de vulnerabilidade, não muito conhecida ou relatada pela literatura, é a possibilidade de serem parasitadas pelo carrapato Amblyomma dissimile. Este ectoparasita se aloja no aparelho bucal da serpente, e pode injetar toxinas que diminuem o seu metabolismo, inclusive, acarretando em morte.

Surucucu do Brejo: Características Anatômicas

Cachorro Encarando Surucucu do Brejo
Cachorro Encarando Surucucu do Brejo

A coloração desta cobra é castanho-amarelado, embora alguns herpetólogos a consideram olivácea ou castanho acinzentado. Há algumas manchas negras ao longo do corpo, e uma mancha negra atrás dos olhos. Quando a cobra é filhote, as manchas negras estão presentes em maior quantidade.

O comprimento da surucucu do brejo é, em média, de 2 metros a 2,5 metros. Usualmente as fêmeas são maiores que os machos.

Surucucu do Brejo: Dentição Opistóglifa e as Glândulas de Duvernoy

Em relação à dentição, a surucucu do brejo é opistóglifa, ou seja, apresenta uma dentição especializada no fundo da boca, em uma área de difícil acesso, assim como a maioria das cobras da família Colubridae.

A cobra não é peçonhenta, mas pode ser considerada venenosa. Isso deve-se ao fato de apresentar uma glândula chamada glândula de Duvernoy que é capaz que liberar saliva tóxica, mediante estimulação da região bucal.

As reações causadas pelo contato com a substância tóxica incluem dor e inchaço no local. No entanto, não se comparam de forma alguma com as reações neurotóxica, proteolíticas e hemorrágicas, causadas pelos acidentes botrópico, crotálico, laquético e elapídico (Você pode aprender um pouco mais sobre eles no artigo Cobras Venenosas Brasileiras ).

Sem falar que as presas localizadas no fundo da boca são de difícil acesso, e, com isso, dificultam que um ser humano possa ser infectado, caso tenha algum acidente com este ofídio (principalmente quando falamos em trabalhadores rurais).

Dentição Opistóglifa
Dentição Opistóglifa

Essas presas localizadas no fundo da boca são ideais para os hábitos de dieta da surucucu do brejo. Quando um anfíbio (mais precisamente, um sapo) é atacado, sua reação natural é inchar e aumentar de tamanho, fazendo isso ele pode facilmente alcançar a dentição opistóglifa da cobra.

Ao alcançar a dentição, no fundo da boca do réptil, os pulmões do sapo são perfurados. Em alguns casos, a cobra também pode ficar algum tempo macerando o animal, de modo a liberar a sua substância tóxica antes de digeri-lo.

Surucucu do Brejo: Hábitos

Essas cobras são ovíparas, colocando de 8 a 36 ovos por postura. Os filhotes nascem, em média, com um comprimento de 20 centímetros; e com o peso de 40 gramas.

A surucucu do brejo é agressiva desde filhote, o que impede que as cobras recém-nascidas possam ser posicionadas uma ao lado da outra, e convivam harmonicamente.

Os hábitos da Hydrodynastes gigas são diurnos. Essa cobra passa boa parte do tempo em atividade, subindo, cavando ou nadando.

Ao se sentir ameaçada ou ao detectar a presença de uma presa, ela pode achatar a região da cabeça antes de dar o bote, por isso a denominação “boipevaçu” (cabeça grande e achatada).

Em algumas literaturas internacionais, há menção que a surucucu do brejo lembre um pouco a cobra naja no momento do ataque, por formar uma “estrutura” semelhante a capuz em torno da cabeça. No entanto, a semelhança é relativa, pois ela não se ergue de pé, mas, ao contrário, permanece em posição horizontal.

Por estar a maior parte do tempo em atividade dentro da água, a alimentação é essencialmente baseada em anfíbios e peixes. No entanto, ela também pode habitar ambientes secos, nos quais caça aves, roedores e, até mesmo, outros répteis.

A surucucu do brejo é extremamente estrategista quando pretende capturar rãs para alimentar-se. Ela se posiciona no interior dos rios, e externaliza a cauda. Com essa cauda, ela cutuca alguns arbustos e folhagens, assustando algumas rãs que por ventura estejam alí.

Surucucu do Brejo Comendo Uma Rã
Surucucu do Brejo Comendo Uma Rã

Com o susto, essas rãs pulam. No momento do pulo, são capturadas.

A expectativa de vida desta cobra gira em torno de 20 anos.

Surucucu do Brejo: Curiosidades Finais

Atualmente, não há subespécies reconhecidas pelos estudiosos da herpetologia.

O nome científico Hydrodynastes gigas foi atribuído pela primeira vez por Hoge, em 1966.

A descoberta da espécie ocorreu no ano de 1854 pelos pesquisadores Dumeril e Bibron, período no qual recebeu o nome científico de Xenodon gigas. Após isso, outras nomenclaturas também já foram empregadas, a exemplo de Lejosophis gigas e Cyclagras gigas.

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Agora que você já conhece um pouco mais sobre a surucucu do brejo, que tal aumentar os seus conhecimentos de herpetologia, e continuar navegando pelo site?

Desfrute do conteúdo, e até as próximas leituras.

REFERÊNCIAS

FISCHER, C. D. B.; MOTTIN, V. D.; HEERDT, M.; FILADELFO, T.; CERESÉR, V. H.; QUEIROLO, M. T.; ALLGAYER, M. C. Amblyomma dissimile (Acari: Ixodidae) em Hydrodynastes gigas (Squamata: Colubridae) no estado Mato Grosso do Sul, Brasil – Nota Prévia. Braz. J. vet. Res. Anim. Sci., n. 5, v. 46, São Paulo-SP, 2009;

G1. Surucucu-do-pantanal. Disponível: <https://faunaeflora.terradagente.g1.globo.com/fauna/repteis/NOT,0,0,1223328,Surucucu-do-pantanal.aspx>;

Hydrodynastes gigas (DUMERIL, BIBRON & DUMERIL, 1854). Disponível em : <https://reptile-database.reptarium.cz/species?genus=Hydrodynastes&species=gigas>

Surucucu- tudo sobre a pico de jaca e a pantanal. Disponível em: <https://euamomeusanimais.com.br/tudo-sobre-surucucu/>.

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