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Espécies de Cobras Brasileiras

No mundo inteiro estima-se que haja em torno de 2.930 cobras. No Brasil, nós temos 321 espécies, ou seja, 10 % da concentração mundial de ofídios, distribuída nos biomas do cerrado, pantanal, florestas densas e variados cenários.

Essa porcentagem não poderia ser diferente, visto que, nossa fauna e flora são extremamente diversificadas.

Neste artigo vamos conhecer um pouco mais sobre as principais espécies de cobras brasileiras, suas peculiaridades e curiosidades.

Venha conosco e boa leitura.

Espécies de Cobras Brasileiras não Peçonhentas

No Brasil, as espécies de cobras não peçonhentas estão distribuídas em quatro famílias. A Família Boidae, Colubridae, Aniliidae e Dipsadidae.

A família Aniliidae é mais simples, pois contém apenas um gênero e uma espécie, a Anilius scytale (uma das espécies conhecidas como falsa-coral)  comum na Região Amazônica. O detalhamento das outras famílias você confere a seguir.

Família Boidae

Nesta família, as serpentes podem alcançar grandes dimensões e matar as suas presas através de constrição. No Brasil, espécies desta família incluem a Sucuri (Eunectes murinus), algumas espécies de Jibóia (Boa constrictor sp. ) e a Salamanta (Epicrates cenchria crassus).

Leia mais sobre as sucuris no artigo de cobras aquáticas brasileiras

Diferentemente da Sucuri e Jibóia, de hábitat amazônico, a Salamanta é típica do cerrado, nos estados do Sudeste e Centro-Oeste.

Família Colubridae

Esse gênero abrange 2 espécies de falsa-coral: Simophis rhisnostoma, e Rhinobothryum lentiginosum; e as cobras-cipó (Gênero Chironius sp.).

Outras espécies incluem a cobra-verde (Philodryas olfersii), a cobra-dormideira (Sibynomorphus neuwiedi), a Liophis miliaris (serpente semiaquática), a cobra caninana (Spilotes pullantus) e a famosa cobra d’água (Helicops angulatus).

Família Dipsadidae

Abriga 49 espécies de falsa-coral, dentre elas uma das mais conhecidas é a Oxyrhopus sp. É a família que apresenta o maior número e diversidade de gêneros e espécies. Há pelo menos 267 espécies conhecidas no Brasil. Nos países tropicais como um todo corresponde a 20 % das serpentes.

Falsa Coral Enrolada no Chão
Falsa Coral Enrolada no Chão

Esta família engloba serpentes não peçonhentas, porém venenosas. No entanto, o veneno não apresenta reações tão severas quando comparado às famílias Viperidae e Elapidae. As cobras da família Dipsadidae apresentam as presas na parte posterior da boca (Opistóglifas), e a liberação do veneno não ocorre no momento imediato de contato com as presas.

A maior ocorrência de picadas em humanos é causada pelos gêneros  Philodryas e Thamnodynastes.

Espécies de Cobras brasileiras Peçonhentas

As serpentes peçonhentas brasileiras estão distribuídas dentro das famílias Viperidae e Elapidae.

A família Viperidae abrange os gêneros Bothrops, Crotalus e Lachesis.

Família Viperidae- Gênero Bothrops

Dentro do gênero Bothrops, as principais espécies são:

A Jararaca (Bothrops jararaca) que pode atingir até 1 metro de comprimento. Tem coloração marrom-esverdeada.

Jararaca
Jararaca

O Urutu Cruzeiro (Bothrops alternatus) comum nas áreas de vegetação rasteira, principalmente perto de açudes e plantações. Tem coloração marrom escuro com desenhos pelo corpo que lembram gancho de telefone.

Urutu Cruzeiro
Urutu Cruzeiro

A Jararaca-pintada (Bothrops pubescens) Serpente de médio porte. Extremamente ágil. Com coloração castanho, e pequenos desenhos triangulares.

Jararaca-Pintada
Jararaca-Pintada

A Cotiara (Bothrops cotiara) que vive em zonas de mata densa e fechada. Pode ser encontrada nos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Apresenta o ventre com coloração preta, e o dorso castanho com desenhos em formato de trapézio.

Cobra Cotiara
Cobra Cotiara

A Jararacuçu (Bothrops jararacuçu) que está presente desde o sul da Bahia até o Rio Grande do Sul. É comprida, podendo chegar a quase 2 metros. Apresenta coloração marrom, com desenhos geométricos em tom de amarelo.

Jararacuçu
Jararacuçu

A Boothrops moojeni tem preferência por biomas como o cerrado e mata das araucárias, e pode ser encontrado tanto nos Estados da Região Sul (como o Paraná), quanto no Maranhão. Tem coloração castanho-escuro, com desenhos em borda mais clara.

Família Viperidae– Gênero Crotalus e Lachesis

Em relação ao gênero Crotalus, há uma única espécie presente no Brasil. É a cobra Cascável (Crotalus durissis).

Cobra Cascavel
Cobra Cascavel

Essa serpente está presente em toda a extensão da América latina. Mede de 1,5 a 2 metros de comprimento. Sua característica mais marcante são os guizos presentes na cauda, que servem para alertar sobre a sua presença e afastar os animais de grande porte. O veneno desta cobra pode ser letal, pois tem ação neurotóxica, anticoagulante e miotóxica sistêmica.

No Brasil, o Gênero Lachesis também abriga uma única espécie. A Surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta).

Surucucu-Pico-de-Jaca
Surucucu-Pico-de-Jaca

Família Elapidae

Esta família contém os gêneros Leptomicrurus e Micrurus.

O primeiro gênero abrange as espécies Leptomicrurus scutiventis, Leptomicrurus narducii e Leptomicrurus collaris. Todas estas características da Região Norte e de alguns vizinhos latinos também.

O gênero Micrurus envolve as cobras corais verdadeiras, e apresenta, ao todo, 32 espécies conhecidas no Brasil. Fisicamente apresentam anéis vermelhos, pretos e beges, ao longo do corpo; com algumas variações de acordo com a espécie. Os anéis vermelhos servem para afugentar possíveis predadores, estratégia conhecida como aposemantismo.

Cobra Coral Verdadeira
Cobra Coral Verdadeira

O veneno da cobra coral é potencialmente letal, com ação neurotóxica, atinge o sistema nervoso, gera disfunção respiratória e pode levar à morte em poucas horas. A intervenção necessária é feita através de soro antielapídico intravenoso.

Classificação das Cobras Quanto às Presas Inoculadoras de Veneno

Serpentes peçonhentas possuem presas inoculadoras do veneno, o qual é produzido em glândulas localizadas paralelamente à cabeça. Para que haja inoculação da peçonha, através dessas presas, é necessário que haja contração da musculatura em torno das glândulas.

As serpentes não peçonhentas são consideradas Áglifas, isto é, sem presas especializadas para inoculação do veneno.  Apresentam dentição uniforme. Este é o caso das sucuris e jiboias.

Serpentes com presas especializadas no fundo da boca são consideradas Opistóglifas. As espécies de corais verdadeiras enquadram-se na classificação de Proteróglifas, visto que apresentam dois dentes inoculadores curtos na parte anterior da boca. As Solenóglifas (jararacas, cascáveis) apresentam a dentição mais favorável á inoculação da peçonha, pois há uma única presa inoculadora, situada na parte anterior da boca, e com comprimento considerável.

Identificando se Uma Serpente é Peçonhenta ou Não

Algumas características anatômicas são consideradas diferenciais de serpentes peçonhentas, dentre elas a fosseta loreal (órgão termorreceptor que permite ao ofídio perceber as ondas de calor emanadas por um animal); a cabeça triangular, com pequenas escamas destacadas; e a pupila vertical.

A cobra coral verdadeira é o único ofídio peçonhento que não possui estas características.

Espécies de Cobras Brasileiras: Acidentes Ofídicos

Com a maior inserção do homem nos trabalhos rurais, os acidentes ofídicos também tornaram-se mais frequentes.

Em 71 % dos casos, o membro atingido é o pé ou a perna, seguidos pela mão e o antebraço. Os gêneros Bothrops e Crotalus respondem pela maioria destes acidentes.

Lembre-se de nunca manusear serpentes sem o preparo técnico necessário e utilizar equipamentos de proteção como botas ou luvas, caso precise realizar algum trabalho em área rural/ silvestre.

Combinado?

*

Você gostou de conhecer um pouco mais sobre as espécies de cobras brasileiras? Realmente, aprender a riqueza da biodiversidade brasileira é fascinante.

Continue conosco, e visite outros artigos também.

Até as próximas leituras.

REFERÊNCIAS

Centro de Informações Toxicológicas-Rio Grande do Sul. Serpentes/ cobras. Disponível em: <https://www.cit.rs.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=53:serpentes&catid=4:animais-peconhentos&Itemid=56>;

Cobra coral. Disponível em : < https://www.ninha.bio.br/biologia/cobra_coral.html>;

Família Boidae. Disponível em : < https://www.univap.br/arquivo/Fam%C3%ADlia%20Boidae.pdf?AID=274>;

Família Colubridae. Disponível em: < https://www.univap.br/arquivo/Fam%C3%ADlia%20Colubridae.pdf?AID=273>;

Governo do Rio de Janeiro. Cobras não-peçonhentas. Disponível em : < https://www.vitalbrazil.rj.gov.br/cobras_nao_venenosas.html>;

GREGO, F. K. Laboratório de Herpetologia. Instituto Butantan- SP. Quantas espécies de cobras venenosas existem no Brasil? Disponível em: <https://cienciahoje.org.br/artigo/quantas-especies-de-cobras-venenosas-existem-no-brasil/> ;

HERPETOFAUNA. Corais (falsas e verdadeiras) do Brasil- Quem são as corais? Disponível em: <https://www.herpetofauna.com.br/Corais.htm>;

Instituto Butantan. Mini-Simpósio Biologia e veneno de serpentes Dipsadidae. Disponível em: < https://www.butantan.gov.br/Paginas/Mini-Simp%C3%B3sio-Biologia-e-veneno-de-serpentes-Dipsadidae.aspx>;

LEYVA, N. B.; AUGUSTA, B. G.; BORGES, H. P.; SOLER, M. G.; PUORTO, G.; HINGST-ZAHER, E. Guia de identificação de serpentes do bairro Guapiruvu, Brasil. Sete Barras-SP, 2015, 31 p.

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