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Cobras Venenosas Brasileiras

Além da pluralidade cultural, o Brasil é um país rico em todos os sentidos da sua biodiversidade. Os números de espécies catalogadas por aqui, tanto na fauna quanto na flora, são de impressionar.

Além de termos a maior floresta tropical do mundo (e a mais cobiçada também), há diversidade de cenários, biomas e climas. Ou seja, muitos “brasis” dentro de um mesmo Brasil.

Com isso, já era de se esperar que a quantidade de espécies de ofídios fosse bem ampla também, totalizando 10 % da porcentagem mundial. Leia mais no artigo Espécies de Cobras Brasileiras

Nesse artigo particularmente você vai conhecer um pouco mais sobre as cobras venenosas brasileiras, seus hábitos, modo de ataque, ação tóxica do veneno. Enfim, receberá muitas informações de utilidade pública para ampliar o seu conhecimento, e saciar a curiosidade sobre o mundo animal, que é realmente fascinante.

Está pronto? Então venha conosco, e boa leitura.

Cobras Venenosas brasileiras: Considerações Iniciais

A primeira consideração antes de entrarmos no assunto propriamente dito é saber diferenciar o termo “venenoso” de “peçonhento”. Quando mencionamos que um animal é venenoso significa que ele libera substâncias tóxicas danosas à vítima, porém em uma concentração menos letal do que um animal peçonhento. No entanto, todo animal peçonhento é considerado venenoso, mas o contrário não é válido.

Entre as cobras venenosas brasileiras, há duas famílias que englobam as espécies peçonhentas (isto é, com ação venenosa potencialmente letal): Viperidae e Elapidae. Nestas duas famílias, há cerca de 60 espécies, correspondendo a 15 % da população de ofídios do Brasil. No ano de 2011, foram registrados 28.000 acidentes ofídicos em nosso país. A maioria deles em homens trabalhadores rurais.

A família Viperidae contém os gêneros Bothrops, Crotalus e Lachesis. A família Elapidae contém os gêneros Micrurus e Leptomicrurus.

Cobras apenas venenosas, sem ação peçonhenta, incluem algumas espécies da família Dipsadidae e Colubridae. Embora isso possa ser motivo de conflito entre muitos pesquisadores, pois elas apresentam presas, o que poderia ser um requisito para considera-las peçonhentas. Porém essas presas são de difícil acesso, localizadas no fundo da boca (opistóglifas) e o veneno não é inoculado diretamente, além de apresentar concentração tóxica menor.

Cobras Venenosas Brasileiras-Gênero Bothrops

As principais espécies deste gênero no Brasil incluem a Jararaca (Bothrops jararaca), a Urutu Cruzeiro (Bothrops alternatus), a Jararaca-pintada (Bothrops pubescens), a Cotiara (Bothrops cotiara), a Jararacuçu (Bothrops Jararacuçu) e a Bothrops moojeni. Este gênero abrange um total de 27 espécies.

Serpentes do gênero Bothrops são Solenóglifas, ou seja, apresentam presas inoculadoras do veneno na parte anterior da boca e em posição centralizada.

A jararaca (Bothrops jararaca) é a serpente mais famosa do gênero. Está presente nos estados da Bahia, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Minas Gerais.

Cobras Venenosas Brasileiras-Gêneros Crotalus e Lachesis

O gênero Crotalus está representado pela cobra cascável (Crotalus durissis), famosa por seus guizos na região da cauda, utilizados para afugentar possível predadores. Outra característica marcante é o bote certeiro. Esta cobra consegue atacar estando a uma distância relativa de um terço do seu comprimento. Pode atingir de 1,5 a 2 metros e está presente na maioria dos países da América Latina.

Para o gênero Lachesis, a representação fica a cargo da Lachesis muta, popularmente a Surucucu-pico-de-jaca, que pode ser encontrada em áreas de floresta densa, como a Amazônia e Mata Atlântica.

A Sururucu-pico-de-jaca é a maior serpente peçonhenta da América Latina, pois pode alcançar até 3, 5 metros de comprimento.

Cobras Venenosas Brasileiras- Gêneros Micrurus e Leptomicrurus

O Gênero Micrurus abrange as cobras corais verdadeiras, que ao todo são 32 espécies. Neste gênero, a dentição é classificada como Proteróglifa, ou seja, os dentes inoculadores do veneno são curtos e estão localizados na parte anterior da boca. No Brasil, está presente nas zonas de mata, principalmente das regiões sul e sudeste.

A coloração com anéis vermelhos, pretos e brancos é característica de quase todas as espécies, no entanto, algumas espécies encontradas na Amazônia podem apresentar um colorido menos aparente, tons marrom-escuro no dorso e o ventre amarelado. É considerada uma das cobras mais venenosas do Brasil, juntamente com a cobra cascável e algumas espécies do gênero Bothrops (sim, as jararacas também estão na lista).

Cascavel Albina
Cascavel Albina

No gênero Micrurus, as principais espécies correspondem ao Leptomicrurus scutiventris, Leptomicrurus narducii e o Leptomicrurus collaris. Estas espécies também se enquadram na classificação de cobras corais verdadeiras.

Características Anatômicas Básicas que Identificam uma Cobra Peçonhenta

Já falamos sobre esse tópico, em publicações anteriores, mas como estamos abordando sobre as cobras venenosas brasileiras, é importantíssimo revisar essas informações por aqui.

Cobra Coral Verdadeira
Cobra Coral Verdadeira

Essas características definidoras não se aplicam às cobras-corais (família Elapidae), mas , de forma geral, serpentes da família Viperidae caracterizam-se por apresentarem fosseta loreal (orifício entre o olho e a narina), pupila verticalizada, escamas carenadas, cabeça triangular (ou ligeiramente destacada em relação ao corpo), além de escamas pequenas no dorso da cabeça.

Cobras venenosas Brasileiras, não-Peçonhentas

Tradicionalmente as serpentes consideradas peçonhentas pertencem às famílias Viperidae e Elapidae descritas acima. No entanto, já foram documentados acidentes (com envenenamento moderado) em humanos causados por colubrídeos, isto é, por serpentes do gênero Colubridae e Dipsadidae, com dentição opistóglifa.

Alguns acidentes documentados referem-se a duas cobras falsa-coral (Erythrolamprus aesculapii e Oxyrhopus guibei), do gênero Colubridae. À cobra verde e cobra-parelheira (Philodryas sp.); à cobra dormideira (Sibynomorphus neuwiedi); à cobra semiaquática (Liophis miliaris). Gêneros como Boiruna sp., Clelia sp., Hydrodynastes sp. e Phaloris sp. Também estão inclusos na lista.

Há um artigo sobre a Hydroginastes giga (Surucucu-do-pantanal) aqui, dê uma olhada.

 

Outras serpentes presentes nestes dois gêneros também tem potencial para causar acidentes, sem serem necessariamente consideradas venenosas.

Ação tóxica do veneno de Cobras Peçonhentas

Acidente Botrópico

Acidente Botrópico
Acidente Botrópico

As estatísticas revelam que 90% dos acidentes ofídicos no Brasil são causados por ataques de serpentes jararacas e do gênero Bothrops, de modo geral.

O veneno tem ação proteolítica (ou seja, anti-inflamatória aguda), coagulante e hemorrágica. Os sintomas incluem dor, sangramento e edema no local da picada, hematúria (liberação de sangue através da urina); hipotensão arterial e risco para insuficiência renal aguda.

Acidente Crotálico

Acidente Crotálico
Acidente Crotálico

A picada por cobra cascável é considerada o acidente ofídico com maior taxa de letalidade do Brasil (em torno de 1,87 % de letalidade).

O veneno tem ação neurotóxica, miotóxica e coagulante. Os sintomas incluem dor e edema discretos no local da picada, visão dupla e turva, urina avermelhada ou marrom. Nos casos mais graves, insuficiência respiratória aguda.

Acidente Laquético

Acidente Laquético
Acidente Laquético

Nestes acidentes, o veneno desempenha ação proteolítica, hemorrágica, coagulante e neurotóxica. Apresenta quadros hemorrágicos semelhantes ao acidente botrópico; adicionado à bradicardia, hipotensão arterial, sudorese, vômito, diarreia e risco para insuficiência renal aguda.

Acidente Elapídico

Acidente Elapídico
Acidente Elapídico

Por possuir ação neurotóxica, o veneno das cobras corais atinge o sistema nervoso central. Os principais efeitos gerados incluem visão dupla, queda palpebral, salivação. O sintoma mais letal é a insuficiência respiratória, que pode levar à morte, caso não haja administração de soro antiofídico a tempo.

Utilização do Veneno Para Pesquisas Científicas e Outros Meios

Serpentes peçonhentas naturalmente são alvo de estudos toxicológicos, destinados à elaboração de soro antiofídico. No entanto, o veneno também pode ser empregado para outros fins.

Pesquisa com Veneno de Cobra
Pesquisa com Veneno de Cobra

Curiosamente, algumas proteínas presente no veneno de determinadas espécies de ofídio vem sendo estudadas pela indústria farmacêutica, para inclusão em fármacos. Esse foi o caso de uma proteína encontrada no veneno da Jararaca, que, em 1965, integrou a composição do Captopril (medicamento usado para o controle da hipertensão arterial).

Medidas Preventivas e Ações pós-Acidentes Ofídicos

Em 70% dos acidentes ofídicos, a área afetada são os membros inferiores. Logo, é recomendável o uso de botas, como equipamento de proteção individual. Não é recomendável fazer torniquetes, e muito menos sugar o local da picada com a boca.

Enquanto a vítima aguarda/ se dirige ao atendimento médico, o ideal seria manter o local da mordida em repouso, e em posição elevada. Outra recomendação é que os acompanhantes da vítima a mantenham sempre hidratada.

Ao chegar ao atendimento, o ideal é descrever as características da serpente, de modo que haja administração do soro apropriado. Algumas pessoas preferem captura-la para levar ao hospital, no entanto essa prática pode implicar em um novo acidente.

Para saber mais sobre o mundo animal, continue navegando no site e conheça outros artigos também.

Até as próximas leituras.

REFERÊNCIAS

BERNARDE, P. S. Mudanças na classificação de serpentes peçonhentas brasileiras e suas implicações na literatura médica. Gaz. méd. Bahia, n.81, v. 1, Bahia, 2011, 55-63;

BERNARDE, P. S. Acidentes ofídicos. Disponível em: < https://www.herpetofauna.com.br/AcidentesOfidicos.htm>;

Cascável (Crotalus durissis). Disponível em: <https://ambientes.ambientebrasil.com.br/fauna/repteis/cascavel_(crotalus_durissus).html>;

Msc. CRUZ, C. O. Jararaca. Disponível em : <https://www.infoescola.com/repteis/jararaca/>;

Serpentes peçonhentas do Brasil. Disponível em: <https://www.herpetofauna.com.br/serpentesvenenosasbrasil.htm>;

Univap. Dentição. Disponível em: <https://www.univap.br/arquivo/Denti%C3%A7%C3%A3o.pdf?AID=267>.

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